Restaurantes, bares e outros pontos turísticos de 249 municípios do Brasil já estão exigindo o comprovante de vacinação. Em diversos países esse tem sido um tema amplamente debatido. Afinal, como respeitar o direito de um sem ferir o do outro?
Em São Paulo, por exemplo, o funcionário da Universidade de São Paulo que não comparecer ao trabalho porque não se vacinou, terá desconto de salário e também de benefícios. No Rio de Janeiro, a Pontifícia Universidade Católica (PUC) foi a primeira a confirmar que exigirá a vacinação de professores e alunos quando as aulas presenciais retornarem.
O ministro da saúde Marcelo Queiroga já afirmou ser contra qualquer tipo de obrigação. E não apenas ele, obrigar alguém a vacinar-se é um abuso de poder para muitos. A própria Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou que não apoia os passaportes sanitários em viagens.
Uma atitude preconceituosa e que persegue as igrejas. É assim que o Decreto n° 51.460 do governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB) que está em vigor desde 27 de setembro está sendo visto. O texto diz que, no estado, só poderão ocorrer reuniões com mais de 300 pessoas se os participantes tiverem o comprovante da vacina contra a covid-19 completo ou o exame negativo do teste para o novo coronavírus.
"Cabe a todo governante providenciar vacinas suficientes para imunizar todos os governados. Obrigar alguém a vacinar-se é abuso. Exigir o chamado 'Passaporte Sanitário' afronta o direito de ir e vir. Aplicar, especificamente, essa proibição abusiva aos frequentadores de cerimônias em templos é tudo isso e mais um pouco. É uma violência contra a liberdade religiosa", declarou o jornalista Augusto Nunes, durante o Jornal da Record, exibido no dia 28 de setembro.
Enquete
Diante deste cenário, o programa Fala Que Eu Te Escuto questionou os espectadores se para estimular a vacinação é preciso que haja obrigatoriedade ou conscientização.
"Eu moro em Recife e achei esse decreto do governador Paulo Câmara um ato ilegal que vai de encontro à nossa Constituição. A Constituição nos dá liberdade de culto e de ir e vir, então o que esse governador está tentando fazer é um absurdo. Isso sem falar que a vacinação está caminhando a passos lentos", opinou a advogada Cybelle Moraes.
Se ainda não há vacina para todos, como fazer esse tipo de exigência? Esse foi o questionamento do espectador Israel Cabral. "A conscientização é o melhor caminho, porque a forma como estão exigindo passaporte está extremamente confusa e mal organizada".
Para a enfermeira Lilian Lima, a vacina é uma medida protetiva. "As pessoas precisam entender a importância de se vacinarem para se protegerem e protegerem o próximo, porém, não concordo com qualquer obrigatoriedade, os governos precisam envolver esforços para conscientizar".
79% dos participantes da enquete afirmam que o melhor caminho para vencer a pandemia é a conscientização, e não a obrigatoriedade. "Temos que incentivar a vacinação, mas não podemos obrigar. O que alguns governadores têm feito é um erro, de querer usar da obrigação, isso afasta mais. É preciso conscientizar. No caso específico das igrejas, elas, no geral, estão tomando todos os cuidados e sempre foram parceiras do poder público e das pessoas no combate à pandemia. A atitude do Paulo Câmara foi um erro, pedimos para que ele reveja essa decisão", concluiu o apresentador Bispo Eduardo Bravo.
O programa Fala Que Eu Te Escuto é exibido de terça a sábado pela Record TV, a partir de 0h45. Quem se encontra em outros países pode assistir pela Record Internacional ou pelo Facebook.