Kit de entrada de abóbora do Lasai Empório
DivulgaçãoO modelo de negócios já existia antes da pandemia. Alguns restaurantes acabavam vendendo algumas das delícias que não estavam no menu, para que o consumidor final terminasse ou cozinhasse o prato em casa - como fazem rotisseries ou empórios. Agora esse formato se solidificou, principalmente entre os estabelecimentos mais requintados.
Com um belo manual de preparo e uma boa embalagem, esses restaurantes renomados correm menos risco de entregar um produto insatisfatório - o que às vezes acontece no delivery tradicional de refeições. Afinal, o cliente quer comida quente e no ponto correto. Imagine que o prato chega em casa supostamente pronto. Mas se vai pro micro-ondas ou forno depois se sair do baú da moto, corre o risco de ficar seco e super-cozido. Com a comida feita no “formato” empório ou rotisserie, a receita já é concebida levando o “requentamento” e montagem caseira em consideração.
O paulistano Maní, da Heleza Rizzo, voltou com força nessa quarentena como serviço de encomendas. O projeto “Manioca pra Levar” já existia há alguns anos- com kits para brunch, almoço e jantar. Agora se renova com uma loja virtual e soluções práticas para reunir a família à mesa no "novo normal". Os conjuntos servem de 4 a 5 pessoas. Dois exemplos são o "kit bobó de camarão" e o "kit rosbife". O primeiro (R$590) vem com lascas de polvilho e coalhada seca; vinagrete de polvo; salada com mix de folhas, manga, tomate-cereja, queijo de cabra, croutons e nozes caramelizadas; bobó de camarão com arroz e farofa e torta de chocolate com praliné de castanha. O segundo inclui lascas de polvilho com coalhada seca; salada de mix de folhas, palmito pupunha, tomate-cereja, croûtons, lascas de parmesão e vinagrete de mostarda e mel; rosbife com cogumelo paris, batata-bolinha e echalote; e cheesecake de goiabada. O preço deste: R$ 340.
Parece caro, mas o ticket médio fica aquém do que se gastaria com um menu individual, com entrada, prato principal e sobremesa, entregue via delivery tradicional de almoço ou jantar.
Outras casas renomadas também entraram na onda “emporização”, como o Glouton do chef Leonardo Paixão, em Belo Horizonte. Os kits são montados sob encomenda (e por “temporadas”) com pratos para finalizar em casa e alguns produtos para abastecer a despensa do consumidor. Fenômeno semelhante se vê nos EUA. O requintado Blue Hill, em NY, criou uma “cesta do fazendeiro” que entrega em casa com produtos variados e frescos, por 108 dólares.
Rafa Costa e Silva do Lasai
DivulgaçãoNa mesma linha se posicionou o estrelado Lasai, do Rafa Costa e Silva, no Rio de Janeiro. O chef tem duas hortas, com cerca de onze mil metros quadrados, onde produz grande parte da matéria-prima usada para elaboração do menu, que muda diariamente. Rafa concedeu entrevista a este blog, sobre o novo modelo de negócios e está bastante animado com o retorno que os clientes têm dado. "A ideia surgiu no meio da pandemia como uma forma de conseguirmos manter nossa estrutura e uma maneira de nos adequarmos ao momento e também de conseguir realocar as funções dos funcionários, para manter todos com a gente, mesmo nesse período instável", conta Rafa.
O Lasai Empório começou na segunda quinzena de junho e os pedidos já representam uma boa parcela das vendas do restaurante. "Os pratos são finalizados e montados em casa. Os kits gastronômicos contam com entrada, prato principal e sobremesa para duas pessoas. Enviamos junto uma carta explicação para finalizar os pratos, além de um código QR onde a pessoa tem acesso a vídeos com passo a passo da finalização, é simples e rápido, e também uma maneira de proporcionar uma experiência diferenciada para o cliente, com alimentos com produtos de qualidade e orgânicos. Por exemplo, no meu que conta com costelinha de porco, a pessoa coloca água para esquentar numa panela, quando começa a ferver ela baixa o fogo e coloca os pacotes com os alimentos do prato principal, deixa por cinco minutos, retira, corta a embalagem, separa numa bandeja e monta em uma louça/prato de sua preferência e está pronto, é só degustar", explica o cozinheiro.
Perguntei a ele se há novos pratos em desenvolvimento: "Estamos estudando sim novos pratos, hoje o menu conta com 4 opções de entradas, 4 opções pratos principais e 3 opções de sobremesas. Além disso, o empório conta com 14 opções de conservas salgadas, 2 doces em conserva e mel. Além de 4 opções de coquetéis especiais, carta de vinhos e bebidas não alcoólicas ( mate da casa, chá de hibisco, infusão de abacaxi)", detalha.
O modelo de negócio veio pra ficar, segundo o chef: "Eu vejo como uma nova possibilidade de negócio dentro dos restaurantes e temos expectativa de manter o serviço pós-pandemia. Acredito que no futuro, quando as coisas voltarem ao ritmo normal ou ao novo normal, teremos a oportunidade de gerar novos empregos para atender a demanda do Lasai Empório", finaliza.
Boa notícia para o setor gastronômico. Os empórios que nasceram como tal, aliás, também estão ganhando força nessa pandemia. Mas esse é um assunto pra uma próxima coluna. Para mais dicas, informações, receitas, entra lá no meu insta, o @ehdecomer.
Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.