Patricia Lages Sem ajuda de William, o cabo eleitoral, Lula se perde com William, o repórter profissional

Sem ajuda de William, o cabo eleitoral, Lula se perde com William, o repórter profissional

Em entrevista a William Waack, na CNN, candidato do PT à Presidência tenta manter suas narrativas, mas falha e se complica

O candidato Lula participa de entrevista com William Waack

O candidato Lula participa de entrevista com William Waack

Reprodução

Na noite de segunda-feira (12), na CNN, o William que entrevistou Lula tratou de cumprir seu papel de repórter profissional, ao contrário de seu xará, o outro William, da Globo, que atuou muito mais como uma espécie de cabo eleitoral.

Enquanto William Bonner se dirigiu a Lula afirmando falsidades como: “O senhor não deve nada à Justiça”, William Waack o confrontou com dados oficiais do IBGE, os quais o ex-presidiário disse não serem reais, mas sem apresentar quaisquer provas.

Lula conseguiu escapar da cadeia não por ser inocente, mas por ter sido “descondenado” por questões técnicas. Porém, ele não conseguiu escapar dos processos de impostos devidos à Receita Federal. Segundo a revista Veja, em duas ações, o mandante do PT deve R$ 19,3 milhões ao fisco, logo, dizer que ele “não deve nada” não passa de fake news.

Sem a ajuda de seu cabo eleitoral, de ensaio prévio e da “mão invisível”, Lula teve de improvisar, mostrando o quão ruim é nesse quesito. Waack, por sua vez, munido de informações oficiais, o questionou de forma profissional, dando ao entrevistado a oportunidade de explicar questões que precisam de esclarecimento.

Visivelmente nervoso, Lula pede números a Waack, que prontamente os apresenta: “Os números são: o senhor passou de 3,5% de superávit primário para um déficit de 4,5% ao final do governo Dilma”. Mesmo sendo interrompido por Lula, que falou e não disse nada, o jornalista não perde o raciocínio e continua: “A ideia de que o Estado seria um grande indutor do crescimento através de volumosos investimentos e papel dos bancos públicos, essa ideia acabou no maior desastre econômico brasileiro do século. Nenhum país que não esteve em guerra perdeu tanta renda como o Brasil perdeu ali, entre 2014, 15 e 16. Ou seja, a fórmula, aparentemente, não funcionou. O senhor vai insistir nela?”

O candidato continua buscando algo em seus papéis, talvez para refutar os dados oficiais apresentados por Waack, mas não encontra coisa alguma. A estratégia de Lula — utilizada por décadas — de “jogar números” crendo que ninguém vai checar não cola com o repórter experiente, assim como também não cola mais com um eleitor atento e que tem memória.

Mais tarde, no Agora CNN, William Waack faz uma análise da entrevista com Lula e, sobre corrupção, Lava Jato e Mensalão, afirma: “Eu acho que ele [Lula] está em busca de criar uma narrativa que permita dar um passo por cima desse momento histórico que, na minha opinião, não dá para ser esquecido. Eu mencionei durante a entrevista o que, na minha avaliação, foi uma contribuição importantíssima da Lava Jato para a sociedade brasileira, não importa que erros ela possa ter cometido. Ela lavou a alma de todos nós ao descobrir um esquema de corrupção inédito enorme”.

Waack comenta que, como repórter veterano que é, insistiu em levantar as inconsistências de Lula e questionar quem é o culpado por tanta corrupção, já que o candidato se exime de qualquer responsabilidade. Enquanto, do outro lado da “trincheira”, estava o político veterano que Lula é, dando a entender que, na verdade, aquilo tudo foi um mérito. “É uma forma com que um político tenta construir uma narrativa e inverter exatamente a situação, que é o que ele tratou de fazer na entrevista”, afirmou o entrevistador.

Quando Lula não pode contar com a ajuda de seus “amigos”, fica difícil manter o joguinho de palavras, os números sem qualquer comprovação e as falsas narrativas. Assim como sem a ajuda de outros tantos “amigos”, ele nem sequer estaria solto e muito menos concorrendo à Presidência do país.

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

Últimas

    http://meuestilo.r7.com/patricia-lages