Patricia Lages Duplo padrão da grande mídia mostra que não dá para levá-la a sério

Duplo padrão da grande mídia mostra que não dá para levá-la a sério

Apoio incondicional ao novo governo por parte de diversos veículos de comunicação está mais claro do que nunca

Em abril de 2022, os grupos de comunicação que formavam um consórcio contra qualquer medida do governo Bolsonaro — fosse boa ou ruim — gritavam aos quatro ventos que o aumento dos combustíveis afetava a população como um todo.

Naquela altura, acertadamente, a velha imprensa ponderou sobre o fato de que qualquer aumento nos combustíveis em um país onde 60% dos produtos são transportados por vias terrestres encarece praticamente tudo, fazendo com que os mais pobres sejam mais afetados.

Quando houve a desoneração de impostos, seguida da baixa nos preços ainda no governo anterior, a crítica apenas mudou o foco. Segundo o “consórcio da verdade”, ao deixar combustíveis fósseis mais baratos, o governo ia contra a agenda ambientalista e beneficiava apenas a classe média e os mais ricos.

Desta vez, mídia se refere à volta da cobrança de impostos sobre os combustíveis como algo “para o bem do país e do governo”

Desta vez, mídia se refere à volta da cobrança de impostos sobre os combustíveis como algo “para o bem do país e do governo”

Edu Garcia/R7 - 07.11.2022

Hoje, passado menos de um ano, esses mesmos veículos — que mais parecem assessorias de imprensa do governo — se referem à volta da cobrança de impostos sobre os combustíveis como algo “para o bem do país e do governo” e dizem que não há prejuízo algum aos mais pobres. No máximo, a classe média e os mais ricos serão afetados, pois “pobre não tem carro”.

E mais: pobres são apenas aquelas pessoas que recebem auxílio do governo. Portanto, se você não recebe nenhum benefício governamental, alegre-se! Para a imprensa, você não pode ser considerado pobre, ainda que receba um salário mínimo.

O governo anterior era fascista, genocida e negacionista, porém, é o atual governo que bloqueou comentários nas redes sociais de órgãos federais, que liberou geral o Carnaval e ignorou totalmente o aumento nos casos de Covid, que finge não haver ligação de ministra com milicianos e que nenhum de seus ministros usou avião da FAB para ir a leilão de cavalos.

Outro assunto que ficou para trás foi o orçamento secreto, que, durante o período eleitoral, foi severamente criticado pela imprensa. Agora, além de passar a chamá-lo de “emendas de relator”, a velha mídia não vê o menor problema no fato de que os ministros de Lula já destinaram quase 300 milhões desse dinheiro para seus redutos eleitorais.

Veículos de comunicação que manipulam a população como se fosse um bando de ignorantes não merecem nenhum crédito. Ao contrário, só provam que não podem ser levados a sério.

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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