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Conversa de dois compadres sobre política

Os personagens sonham com um país diferente, onde haja governantes que andem na contramão da corrupção. Eis o diálogo dos dois

Patricia Lages|Do R7

Dia, compadre Zé! Que cara é essa?

Dia, compadre João! Não leu o jornal, não?

Hoje não. Que é que houve?

Esse presidente genocida que tirou a máscara numa entrevista... não viu?

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Vi. Mas ele deu uns seis ou sete passos para trás, não foi?

Não sei... o que eu sei é que ele quer matar todo mundo, aquele fascista!

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Certo... mas, Zé, o que quer dizer fascista?

Ué! Vai me dizer que você não sabe? Você não tá ouvindo todo mundo falar que ele é fascista?

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Ah, isso sim. Ouço todo dia, mas queria saber o que é. Diz aí!

Bom, eu não sei bem... mas ele é! O jornal fala isso todo santo dia.

Vamos ver no Google, então. Só um minuto.

Pra que Google? Nem precisa... o cara é um nazista!

Espera aí. Um de cada vez. Olha, achei aqui o que é fascismo, quer ouvir?

Fala, ué!

“Movimento político e filosófico ou regime (como o estabelecido por Benito Mussolini na Itália, em 1922), que faz prevalecer os conceitos de nação e raça sobre os valores individuais e que é representado por um governo autocrático, centralizado na figura de um ditador.”

Dois compadres e política
Dois compadres e política Dois compadres e política

Tá, e daí?

E daí que o presidente não me parece alguém que está ditando regras. Ao contrário, ele está tentando que o cidadão tenha direitos individuais, diferente de muito prefeito e governador que está mandando até agredir as pessoas que não fazem o que eles mandam. Lembra da mulher que estava sozinha na praça e foi presa? Aquilo foi coisa do prefeito. O presidente repudiou essa ação. Então, parece que fascista não tá encaixando, compadre...

Mas nazista ele é!

Vamos ver aqui. Achei! “Nazismo é uma forma de fascismo que incorpora o racismo científico e o antissemitismo.”

Viu só, compadre? Não falei? Ele é nazista e racista! Detesta negros e gays. Eu vejo isso sempre no jornal.

Mas, e o Hélio Negão que ele chama de irmão? Ele é negro e foi o deputado federal mais votado com o apoio do presidente. E ele é amigo de Israel...

Isso não conta... e outra, ele detesta gays e dessa você não vai conseguir defender ele!

Não estou defendendo, só estou questionando. Nem sempre a mídia traz fatos, muitas vezes não passam de boatos. E tem o Agustin Fernandez, o maquiador que foi chamado até de “gay do presidente”. Ele e muitos outros não iriam apoiar alguém que fosse homofóbico.

Mas ele é! Ele é sim!

Ele proibiu os gays de alguma coisa? Mandou prender? Fez campanha contra? Impediu o movimento de se manifestar?

Não que eu saiba... mas isso também não quer dizer nada. Além do mais, ele detesta nordestino!

Bom, ele foi inaugurar um trecho da obra de transposição do Rio São Francisco e sancionou o marco regulatório do saneamento básico. Isso beneficia, e muito, várias partes do Brasil, inclusive o nordeste.

E daí? Não fez mais nada do que a obrigação! Ele é um louco e a nossa imagem no exterior é uma piada!

Então, por que empresas estão fechando na Argentina e em outros lugares e vindo para o Brasil?

Gente louca... só pode! Eu detesto esse cara. Se morresse faria um favor!

Bom, compadre, a conversa está boa, mas eu tenho que trabalhar.

Falou de política você sai fora, né, compadre? Não foge, não!

Está bem. Então me diga que tipo de presidente você queria que o Brasil tivesse?

Ah, agora você foi no ponto chave! Eu queria um presidente que não dançasse conforme a música, que não participasse dessa roubalheira, que não se aproveitasse da pandemia para superfaturar obras e não ficar se promovendo encima da desgraça dos outros. Queria um presidente que colocasse esses bandidos para correr e que fizesse uma limpa em Brasília. Que não deixasse obras paradas só porque não foi ele quem começou e que não ficasse promovendo um partido político. Ah! E que melhorasse a educação porque essa coisa dos jovens saírem da escola sendo analfabetos funcionais já passou do limite!

Mas, compadre, me diga uma coisa: se um cara assim fosse eleito, o que você acha que aconteceria na prática?

Ah... ninguém ia deixar o homem trabalhar! Você acha que os políticos e os poderosos iam permitir que alguém acabasse com a mamata deles? Eles iam cair matando dia e noite! Não iam deixar o sujeito governar e iam criar um pandemônio geral... iam infernizar até arrancarem o cara de lá na marra para tudo continuar como sempre foi... olha, compadre, isso aqui não tem jeito, não! Entendeu por que eu fico com essa cara cada vez que leio o jornal?

Entendi sim. Esse jornal é um perigo, compadre!

Autora

Patricia Lages é autora de 5 best-sellers sobre finanças pessoais e empreendedorismo e do blog Bolsa Blindada. É palestrante internacional e comentarista do JR Dinheiro, no Jornal da Record.

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