PSOL não quer contratar em regime de CLT?
Mauro Pimentel/AFP - 28.06.2019Pense na combinação de dois ditados dos mais farisaicos que se tem notícia: “faça o que eu digo, não faça o que eu faço” com “pimenta nos olhos dos outros é refresco”. A junção pode ser resumida em várias siglas e, sem dúvida, uma delas é PSOL. Afinal de contas, o nome Partido Socialismo e Liberdade, por si só, já é uma contradição.
Não existe liberdade no socialismo, pois a sua essência consiste no coletivismo, onde os meios de produção e as propriedades pertencem ao Estado. Na fábula do socialismo, o Estado – como dono de tudo, enquanto os cidadãos não são donos de nada – faria uma distribuição igualitária de tudo e qualquer coisa para a população. Isso, claro, por meio de um controle absoluto.
Sabe os políticos brasileiros? Aqueles cuja maioria não tem competência nem para tapar buraco de rua? Então, o socialismo no Brasil significaria eles mesmos controlando toda a sua vida. Gosta da ideia? Tudo em nome da igualdade.
Mas é claro que essa igualdade não é tão igual assim. E para provar que o que vale mesmo é o “socialismo para você, capitalismo para mim”, eis que o PSOL Carioca abre um edital para uma vaga em comunicação com as seguintes condições:
“Regime de trabalho:
Carga horária: 20h por semana (no momento realizadas em casa/home office)
Disponibilidade a partir de julho/2021
Contratação por PJ/MEI
Remuneração: R$ 2.500 mensais”
O partido que vota contra toda e qualquer flexibilização da Reforma Trabalhista, que é contra a “pejotização” para que não haja “precarização” dos direitos dos trabalhadores quer que as empresas contratem em regime CLT e ponto final. Porém, quando é a vez deles, lá está a “pejotização” estampada no edital. E dessa maravilha toda surge um novo ditado: “celetização boazinha para vocês, pejotização malvadona para nós”. Com essa demonstração de cinismo a toda prova até os esquerdistas ficaram atônitos.
Depois da enxurrada de críticas nas redes sociais o partido voltou atrás e alterou o edital, suprimindo a condição de contratação por PJ/MEI e disponibilizando a vaga em regime CLT. Este é apenas mais um capítulo da interminável série “hipocrisia nossa de cada dia”. E se a cada novo episódio o seu estômago ainda embrulha, ótimo! É sinal de que você não se rendeu à prostração e não caiu no conformismo de aceitar o inaceitável. O Brasil não é para amadores, portanto, sejamos resilientes.
Autora
Patricia Lages é autora de 5 best-sellers sobre finanças pessoais e empreendedorismo e do blog Bolsa Blindada. É palestrante internacional e comentarista do JR Dinheiro, no Jornal da Record.
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