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Análise: Síndrome do domingo à noite

Angústia, desânimo, ansiedade e desconforto com o término do fim de semana tiram o prazer e o descanso de muitos

Patricia Lages|Patricia Lages, do R7

Domingo à noite as pessoas começam a ficar angustiadas
Domingo à noite as pessoas começam a ficar angustiadas Domingo à noite as pessoas começam a ficar angustiadas

É cada vez mais frequente o número de pessoas que passam os dias focados na expectativa do fim de semana. Dos dias úteis, o preferido da maioria é a sexta-feira, onde as postagens “sextou” invadem as redes sociais como um grito de alívio pelos dias de descanso que se aproximam.

Se a semana de trabalho passa arrastada e lenta, a impressão que se tem é que o sábado e o domingo voam. Ainda mais porque parte do domingo não é aproveitada por conta da síndrome do domingo à noite. Essa condição faz com que as pessoas comecem a se sentir angustiadas, ansiosas, desmotivadas e apreensivas por terem de enfrentar mais uma semana de trabalho ou de estudos. Ou ainda, dos dois.

Há pesquisas anteriores à pandemia que apontam que cerca de 90% das pessoas se declararam infelizes em relação ao trabalho ou aos estudos e que, se pudessem escolher, teriam outra vida. E como ninguém gosta de se submeter por tanto tempo a atividades das quais não gosta, fica fácil entender o motivo de a síndrome do domingo à noite ser tão frequente.

Porém, com a pandemia e o aumento da taxa de desemprego, surge mais uma questão: a culpa por se sentir mal em relação ao trabalho que muita gente não tem. E mais: a culpa por se divertir aos fins de semana enquanto muitas famílias estão sofrendo com um ente querido doente, internado ou até mesmo pela perda de alguém.

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Se antes já era ruim sofrer com os sintomas da síndrome, a situação pode ficar ainda pior quando somada à culpa por não estar sofrendo, por não ter ninguém doente em casa ou por não ter perdido ninguém. E, mais ainda, por não estar totalmente feliz com o que se tem enquanto muitos dariam tudo para terem a metade.

A mente humana pode pregar muitas peças, criar armadilhas e desenvolver a autossabotagem. Isso sempre foi assim e provavelmente sempre será. Porém, depois de dezesseis meses de pandemia, confinamento, crise política, medo e toda ansiedade em relação ao futuro, a saúde mental das pessoas está sendo, mais do que nunca, colocada à prova.

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Se tudo isso prejudica os adultos, ainda não se sabe ao certo que impacto trará às crianças. É importante que pais e responsáveis estejam bem psicologicamente para poderem proporcionar a seus filhos um ambiente saudável dentro de casa. Portanto, se a síndrome do domingo à noite é encarada como algo normal, é preciso olhar sob outro ponto de vista.

Não é aceitável que, dos sete dias da semana, apenas um ou dois sejam vividos plenamente. E, menos ainda, se até mesmo esses poucos dias felizes acabem se transformando em culpa. A pandemia não se resume apenas a uma doença, mas a uma série de condições de saúde que estão surgindo com ela. Logo, é necessário que estes males não sejam negligenciados e que estejamos atentos a todos eles.

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