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Análise: Sentimentos podem neutralizar raciocínios mais simples

Sentimentos do coração podem fazer pessoas inteligentes tomarem atitudes estúpidas, pois têm o poder de neutralizar raciocínios mais elementares

Patricia Lages|Patricia Lages, do R7 e Pedro Américo

Em razão do meu trabalho como educadora financeira, recebo frequentemente pedidos de ajuda em minhas redes sociais e blog. Geralmente tratam-se de pessoas que entraram em situações financeiras ruins, mas não têm ideia de como sair, mesmo com as soluções estampadas na frente delas.

O que acontece, em muitos casos, é o desejo infantil de ver seus problemas magicamente resolvidos, sem esforços e sem sacrifícios, ou de evitar o “aborrecimento” de ter de pensar. Somam-se a isso sentimentos que bloqueiam o raciocínio e a pessoa não se vê capacitada a tomar uma decisão que uma criança de dez anos tiraria de letra.

Uma leitora contou a péssima experiência de ter comprado um celular que custava R$ 1.900 à vista, mas que, a prazo, saiu por R$ 5.400. Ela se lembra de ter ficado eufórica com o novo aparelho e que passou a maior parte do tempo distraída escolhendo capinhas. Enquanto isso, o vendedor ofereceu a possibilidade de incluir no financiamento a capinha e um seguro. Ela concordou e assinou o contrato sabendo que pagaria 36 parcelas de R$ 150. A euforia da compra bloqueou completamente seu raciocínio e ela só caiu em si quando chegou em casa e fez as contas. Envergonhada pelo comportamento infantil, ela desistiu da ideia de tentar desfazer o negócio.

Outra seguidora pediu orientação sobre uma decisão que precisa tomar. Ela fez um empréstimo consignado, mas embora possa pagar as parcelas, ficou aflita quando reparou que 60 meses (prazo da operação) são cinco anos e que “cinco anos é tempo demais”. Como o banco não quis reduzir o prazo, ela solicitou portabilidade para outro banco e, de cara, conseguiu uma taxa de juro menor. Ficou satisfeita ao ver que os R$ 1.300 de prestação atual passariam a ser R$ 1.080, considerando o mesmo prazo.

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Mas, em vez de oferecer um prazo menor, o novo gerente propôs estendê-lo ainda mais para que as parcelas caiam para R$ 780, enfatizando que sobrarão mais de R$ 500 por mês em seu orçamento. Para isso, bastava assinar um contrato de 96 meses.

Diante disso, ela encaminhou a seguinte mensagem: “Estou muito aflita. Me sinto uma burra na frente do gerente, fico nervosa. Fiquei muito constrangida e quase assinei porque senti que ele não gostou de me ver na dúvida. Fiz mal em não assinar? E se ele mudar de ideia e não quiser negociar mais? Estou muito nervosa mesmo, me ajude!”

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Esse é o tipo de situação que meu senso de responsabilidade não permite responder, a não ser que seja com uma série de perguntas na esperança de que a pessoa acorde. “Você disse que cinco anos é muito tempo, mas sabe quantos anos são 96 meses? A resposta chega a ser assustadora: “Ai, Patricia... eu não sei o que fazer. Estou sem dormir porque não assinei a proposta na hora. Se ele não quiser me atender mais vou voltar à estaca zero. Não posso ficar cinco anos pagando isso. O que eu posso falar para que ele mantenha a proposta? Que arrependimento!”

Sentimentos de inferioridade, aflição, ansiedade e até mesmo a euforia pela conquista de algo novo têm esse poder de confundir o raciocínio, ainda que seja óbvio. Quando decisões são tomadas com base em sentimentos, o resultado nunca é positivo. Por isso, não permita que as emoções tomem conta das suas ações, seja em relação a dinheiro ou a qualquer coisa importante da vida. Pense, raciocine, tenha calma e, na dúvida, não faça nada. E lembre-se sempre que não deve ser por acaso que a cabeça fica acima do coração.

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