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Análise: Perda do protagonismo das mulheres no esporte feminino

Desde que o COI permitiu atletas transexuais em campeonatos femininos, as mulheres viraram coadjuvantes da própria história

Patricia Lages|Patricia Lages

Gabrielle Ludwig (ao centro) com colegas de time
Gabrielle Ludwig (ao centro) com colegas de time Gabrielle Ludwig (ao centro) com colegas de time

Em novembro de 2015, o COI (Comitê Olímpico Internacional) mudou as regras do esporte feminino publicando um novo guia de diretrizes que permite a atletas transexuais participarem de competições antes restritas às mulheres.

A lógica em separar homens e mulheres nos esportes é óbvia: dar a elas a chance de competir de igual para igual. Mas como nos dias de hoje o óbvio precisa ser dito – e às vezes até desenhado – vale o registro: mulheres competem entre si pelo simples fato de que homens são fisicamente mais fortes, possuem mais impulsão e estatura, maior capacidade pulmonar e cardíaca, além de terem uma estrutura corporal mais resistente.

Ainda que mulheres trans tenham passado por tratamentos hormonais e se submetido à cirurgia de redesignação sexual, elas continuam sendo biologicamente homens. Seus pulmões, coração, ossos, força e resistência continuam os mesmos, assim como seus resultados físicos obtidos por meio de preparações e treinos. Ou seja, todas as vantagens que o corpo masculino tem sobre o feminino permanecem inalteradas.

Em 2018, Selina Soule, então com 15 anos de idade, estava entre as cinco melhores atletas do estado americano de Connecticut. Foram diversas medalhas nos 100 e 200 metros rasos, conquistadas com muito treino e um sem-fim de renúncias de coisas comuns à maioria das garotas de sua idade: festas, horas e horas nas redes sociais, pizza e sorvete nos fins de semana. Uma carreira promissora, mas que começou a decair de três anos para cá. Mas não por conta da piora de seu desempenho ou por ter perdido a motivação, e sim, porque foi obrigada a competir com dois atletas biologicamente masculinos que, por sua vez, conquistaram o primeiro e o segundo lugar no campeonato feminino estadual. Ou seja, as duas garotas mais rápidas do estado são, na verdade, biologicamente garotos.

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Detalhe: os tempos das duas garotas trans não eram suficientes para qualifica-las para o campeonato estadual masculino, o sexo biológico de ambas. Elas só tinham chances de participar se fossem aceitas nas competições femininas. E foi exatamente isso que fizeram e, por dois anos seguidos, ambas terminaram em primeiro e segundo lugar. Selina Soule teve de se contentar com o terceiro lugar e, quando se posicionou contra a participação das garotas trans, foi chamada pela mídia de má perdedora e que, em vez de reclamar, deveria treinar mais, se preparar mais, correr mais.

A mesma mídia que diz promover o empoderamento feminino, quando tem de escolher entre o que é justo para as mulheres e o que é justo para as trans, sem sombra de dúvida fica com a segunda opção. Enquanto isso, as feministas se calam, fingindo que as regras do COI, que prevê tratamento hormonal de um ano, são suficientes para alcançar a igualdade entre um corpo biologicamente masculino de um feminino. Obviamente que não é, mas as narrativas do “politicamente correto” ignoram a ciência quando o assunto é lacrar.

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Em defesa do esporte feminino, quem se levantou na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo foi o deputado Altair Moraes, criador do Projeto de Lei 346/2019, que estabelece o sexo biológico como o único critério para definição de gênero de competidores em partidas esportivas oficiais no Estado de São Paulo. O PL já passou em todas as comissões e está pronto para ser colocado em votação. Caso seja aprovado, após 180 dias fica proibido participação de qualquer atleta cujo sexo biológico não seja feminino em competições femininas no Estado de São Paulo.

Mas e quanto ao Brasil? Quais frentes feministas estão batalhando por justiça no esporte feminino? Quais são os meios de comunicação que estão dando voz e vez a elas? O que se vê são apenas tentativas de “cancelamento” de quem se levanta em defesa das mulheres, como foi o caso da ex-jogadora de vôlei Ana Paula Henkel, medalha de bronze nas Olimpíadas de Atlanta, em 1996. Apesar dos ataques, até hoje Henkel se mantém coerente no debate e não abre mão de expor sua opinião, a despeito das críticas e ofensas.

Mas uma vez se faz necessária a citação do óbvio: não se pratica igualdade promovendo desigualdade, assim como não se promove justiça promovendo injustiças.

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