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Análise: Padrão de gastar mais do que recebe continua

Na quarentena, que está gestando uma enorme crise econômica, muitos mantêm a dinâmica de gastar além do que podem para seguir modismos

Patricia Lages|Do R7

Pandemia aumenta gastos com alimentação
Pandemia aumenta gastos com alimentação Pandemia aumenta gastos com alimentação

O novo “trend” nas redes sociais é postar fotos, frases e memes que demonstrem o aumento dos gastos com alimentação, ainda que não se possa arcar com eles.

“Minha cara pensando em como vou pagar o mundo de comida que acabei de trazer do mercado... #emcasacomendo”, diz a legenda da foto de alguém posando com feição de preocupação.

“Depois da pandemia vou precisar de roupas novas e maiores porque não estou entrando em nada. Sofro, mas como mesmo! Depois a gente se vira pra pagar!”, diz outra postagem.

“Quem aí também não está sabendo lidar com tanto gasto de comida, gente? Só resta sofá, Netflix e comer o dia inteiro. Como pagar a fatura do cartão, produção?”, questiona outra influenciadora.

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Para os afortunados que podem se dar ao luxo de ficar em casa sem perder renda – como as celebridades que usam e abusam da #fiqueemcasa – a pandemia é encarada como férias. Não são poucos os “influenciadores” que postam mesas cheias, família no sofá (ou na beira da piscina) rodeada de fartura, muita atividade para passar o tempo e dicas para se ter uma vida “igualzinha” a deles.

Mas, obviamente, eles tomam todos os cuidados para não deixarem vazar que só pararam um pouquinho para fazer as fotos. Depois do clique e da postagem eles voltam a trabalhar com suas assessorias em busca de mais “jobs” com altos cachês para manter sua roda girando. Quanto aos seus seguidores se darem mal financeiramente para tentar imitá-los, ah.... Isso já não é problema deles, né?

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E daí que as pessoas querem reproduzir o que eles fazem? As pessoas são livres para fazerem o que bem desejarem, não é mesmo? Eles apenas incentivam o consumo desenfreado para que as pessoas sejam felizes! Por que eles mudariam seu posicionamento agora? Só porque estarmos vivendo uma crise de saúde mundial sem precedentes? Ou só porque uma recessão econômica – que deve ser uma das maiores de todos os tempos – está por vir? Ah... por favor!

Antes de todo esse cenário de isolamento, os shoppings eram os grandes vilões dos gastos. Roupas, bolsas, calçados, acessórios, restaurantes caros, entre outras coisas, eram os responsáveis por “fazer” as pessoas gastarem mais do que podem. Agora, com shoppings, lojas e centros comerciais fechados, as pessoas arranjaram outra forma de continuarem com a dinâmica de dar o passo maior do que a perna. Quando o padrão é gastar mais do que o orçamento permite para seguir modismos, nem mesmo uma crise mundial é capaz de fazer as pessoas abrirem os olhos.

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É preciso abandonar os “anestésicos” que um mundo de faz-de-conta oferece e começar a viver a realidade com responsabilidade. Nada vai mudar se a mentalidade das pessoas não evoluir nesse sentido.

Autora

Patricia Lages é autora de 5 best-sellers sobre finanças pessoais e empreendedorismo e do blog www.bolsablindada.com.br. É palestrante internacional e comentarista do JR Dinheiro, no Jornal da Record.

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