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Análise: Não devemos subestimar a estupidez humana

O patrulhamento da fala, além de não ser garantia de respeito a ninguém, está se tornando mais ridículo do que a novilíngua de Orwell

Patricia Lages|Do R7

A distopia de George Orwell saiu das páginas de sua obra “1984” e foi, aos poucos, se instalando na sociedade. “Duplipensamento” e “novilíngua” – ou “novafala” – não são mais apenas frutos da imaginação de alguém que mais parece ter previsto o futuro e só errou, por bem pouco, a data.

Estamos vivendo na pele a máxima “guerra é paz, liberdade é escravidão e ignorância é força”, tal e qual o romance escrito em 1948. Tudo vem sendo cada vez mais relativizado, até mesmo a verdade e a tal “ciência” de que tanto se fala. Ambas se tornaram artigos do tipo “ao gosto do freguês”: cada um tem as suas e as personaliza como quiser.

As imposições sobre a fala – como tantas outras estupidezes – aparentam ser formas simples para resolver questões complexas, mas o que está por trás dessa manobra muito bem pensada se resume a uma palavra perigosa: controle.

E tudo começa de forma bem sutil: uma escola carioca decide adotar linguagem neutra e passa a se referir aos estudantes como “querides alunes”, mas, tão hipócrita quanto a “novilíngua do mundo real”, o colégio não alterou seu nome para Liceu “France Brasileire”. Afinal, em se tratando de coisas sérias não vamos implementar tamanha bobagem, não é mesmo?

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Porém, a maior representação – pelo menos até o momento – do quão longe a estupidez humana pode chegar é saber que dois hospitais no Reino Unido substituíram o termo “leite materno” por “leite humano” com o objetivo de “ser mais inclusivo”.

O que essa gente entende por inclusivo? Que para incluir uma porcentagem ínfima de pessoas – em algo que não lhes diz respeito – lhes dá poderes para excluir das mães o direito de chamar o que se refere exclusivamente a elas de materno? Não existe “leite humano”, pois apenas mulheres, na condição de lactantes, produzem leite. Assim sendo, o leite é materno, sim, e não é possível que isso ofenda alguém em sã consciência.

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Onde fica a ciência? Onde foi parar o bom-senso? A sanidade mental que um ambiente hospitalar exige deu lugar a um delírio dos mais psicodélicos. Nem mesmo crianças pequenas podem viver em um mundo 100% fantasioso. Elas podem se vestir como super-heróis e achar que são fortes e que podem até voar. Porém, em dado momento, seus pais terão de advertí-las que se saltarem de um prédio com intenção de cruzar os ares poderão perder suas vidas.

Mas eis que aqui chegamos e nos deparamos com a descoberta de que a estupidez humana não deve ser subestimada, afinal, ela ainda pode atingir níveis mais elevados. E enquanto essa agenda absurda avança, veremos a sanidade saltar pela janela, se espatifando no chão.

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Autora

Patricia Lages é autora de 5 best-sellers sobre finanças pessoais e empreendedorismo e do blog Bolsa Blindada. É palestrante internacional e comentarista do JR Dinheiro, no Jornal da Record.

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