Logo R7.com
Logo do PlayPlus
Publicidade

Análise: mais uma vez governo Doria tapa sol com peneira

João Doria anuncia a partir desta sexta “restrição de circulação” das 23h às 5h, enquanto não faz nada pelo transporte público

Patricia Lages|Do R7

O governador João Doria em coletiva de imprensa em São Paulo
O governador João Doria em coletiva de imprensa em São Paulo O governador João Doria em coletiva de imprensa em São Paulo

Novamente o governador de São Paulo trata os paulistas como se fossem seres acéfalos ao justificar que a medida de restringir a circulação de pessoas das 23h às 5h é para “conter aglomerações”. Mas onde as pessoas se aglomeram nesse horário, governador? Seriam nos bailes funk e nas festas clandestinas que acontecem todos os fins de semana – desde o início da pandemia – onde a polícia não vai mesmo com inúmeras denúncias de vizinhos?

Qual seria a real intenção por trás de mais uma arbitrariedade que ganhou o nome de “toque de restrição”, a fim de trazer um pouco de elegância ao velho autoritarismo de sempre? Sim, paulistas, estamos em toque de recolher que, segundo o governo do estado, se deve ao recorde de internações em leitos de UTI. Sim, paulistas, depois de um ano de pandemia e depois de todos os gastos astronômicos do governo, a pandemia em São Paulo só piora e ainda não temos leitos hospitalares suficientes.

Sobre isso, o coordenador do Centro de Contingência Contra a Covid-19, Paulo Menezes, declarou que se a tendência atual se mantiver, pode haver “esgotamento de leitos de UTI em três semanas”. Mas em vez de concentrar esforços para providenciar leitos a fim de evitar o esgotamento – aproveitando os 20 dias de vantagem – o governo prefere decretar que as pessoas não saiam de casa em um horário em que a imensa maioria está em casa.

Para Menezes, o recorde de internações é “provavelmente” uma consequência das aglomerações do Carnaval, mas diz que também “pode haver outros fatores, como a circulação de variantes, como a de Manaus”.

Publicidade

Porém, segundo dados divulgados pela Dasa, maior rede de laboratórios do país, os principais locais com maior chance de contágio do coronavírus são: hospitais, elevadores e transporte público. E o que o governo que “salva vidas” vem fazendo para evitar as aglomerações nos transportes públicos que ocorrem todos os dias desde sempre?

As medidas em relação aos transportes sempre focaram na redução da frota com a justificativa de “evitar a circulação de pessoas” o que todos nós pudemos testemunhar que só causou mais aglomerações, visto que ninguém pega transporte lotado porque quer.

Publicidade

Desde o início da pandemia é sabido que não há como fazer um vírus desaparecer e que todos estamos expostos a contraí-lo – mesmo dentro de casa. Portanto, o objetivo das medidas tomadas pelos governos de todo o mundo visavam “achatar a curva” (lembra-se desse termo que ninguém menciona mais?) e ganhar tempo para equipar os sistemas de saúde.

Embora já tenha se passado um ano inteiro e bilhões de reais tenham sido gastos – boa parte de forma nada transparente – ainda não temos um sistema de saúde equipado adequadamente. E não por falta de verba. Segundo a Unicamp, a implantação de um leito de UTI para a Covid-19 custa R$ 180 mil. Logo, se os R$ 33 milhões que Bruno Covas torrou com o Carnaval 2021 fossem direcionados para a implantação de leitos de UTI, teríamos hoje mais de 180 leitos disponíveis. Mas o que são 180 vidas, diante da alegria de um Carnaval que não aconteceu, não é mesmo?

Publicidade

A sobra de dinheiro é tanta que João Agripino, o gestor que sonha em sentar na cadeira da presidência (do próprio partido, da República e por aí vai), aumentou em quase 70% a verba de publicidade do governo. É verdade que ele reduziu a verba da saúde em plena pandemia, mas isso tem lá sua razão de ser, afinal, propaganda é a alma do negócio.

Além da má administração do dinheiro do contribuinte, temos de aturar medidas sem nenhuma comprovação científica e que, inclusive, já se mostraram ineficazes. Tudo isso só comprova que nunca foi pela nossa saúde e continua não sendo.

Autora

Patricia Lages é autora de 5 best-sellers sobre finanças pessoais e empreendedorismo e do blog Bolsa Blindada. É palestrante internacional e comentarista do JR Dinheiro, no Jornal da Record.

Últimas

Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com oAviso de Privacidade.