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Análise: Maiores arrependimentos à beira da morte

Ao acompanhar pacientes em seus leitos de morte, enfermeira australiana transforma relatos em livro que celebra a vida

Patricia Lages|Patricia Lages

Bronnie Ware tinha tudo para ser apenas mais uma enfermeira administrando cuidados paliativos a doentes terminais. Porém, sua sensibilidade ao ouvir os relatos de seus pacientes à beira da morte a fez perceber o quanto aqueles últimos desabafos, desprovidos de quaisquer interesses, poderiam ajudar outras pessoas a viverem melhor.

Foi daí que surgiu a ideia de criar um blog, há mais de dez anos, dividindo as experiências que, como ela mesma descreve, “têm potencial de impactar as vidas de pessoas de longe e de perto”. Do blog surgiu seu primeiro livro, o best-seller internacional The Top Five Regrets of the Dying, lançado em 2012 e que, em português, recebeu o título Antes de partir – Os cinco principais arrependimentos que as pessoas têm antes de morrer.

Ware conta que a lista de arrependimentos é bastante vasta, mas foi possível detectar cinco bastante comuns. Por isso, a autora decidiu desenvolver o livro focando nos principais, dentre os quais o maior deles é: “não ter tido coragem de fazer o que realmente gostaria e não o que os outros esperavam que fizessem”.

Analisando como a sociedade tem agido de dez anos para cá, fica fácil perceber que as pessoas estão, cada vez mais, fazendo exatamente o que traz frustrações e arrependimentos. Mais do que nunca as pessoas estão preocupadas com a opinião dos outros sobre si mesmas e, com o crescimento das redes sociais, “os outros” deixaram de ser apenas parentes e amigos próximos.

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Agora, o número de pessoas acompanhando a vida dos outros é muito maior. Os “amigos virtuais” hoje são chamados de “seguidores”, um termo até mais apropriado devido o tipo de “função” que exercem. Como se assistissem a uma novela, boa parte desses seguidores curtem fotos, comentam legendas, dão opiniões que foram ou não pedidas e até cobram atitudes e posicionamentos de quem seguem, como se aquelas pessoas existissem apenas para entretê-las, realizando todos os seus desejos.

E quando as vontades desses seguidores não são feitas, o tão temido cancelamento vem sem aviso prévio, fazendo com que os “amigos virtuais” se tornem inimigos reais. O resultado disso é exatamente o que causa o arrependimento número um de quem tem a oportunidade de meditar sobre a vida antes de a morte chegar: fazer as vontades dos outros em vez de viver a vida da maneira que deseja.

Que cada um de nós, ao sermos chamados a refletir sobre a brevidade da vida, tenhamos a coragem de desfrutar dela de acordo com nossos valores e conceitos e não conforme essa sociedade doente tem tentado nos impor cada vez com mais força.

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