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Análise: Lacração e desinformação a gente vê por aí

Na guerra de narrativas vale tudo, até arruinar a própria credibilidade afirmando que não aumentar combustíveis amplia 'injustiça social'

Patricia Lages|Do R7

Preços expostos em posto de combustíveis na zona norte de São Paulo
Preços expostos em posto de combustíveis na zona norte de São Paulo Preços expostos em posto de combustíveis na zona norte de São Paulo

É pública e notória a guerra de narrativas que se instalou em diversos meios de comunicação. A manipulação de estatísticas e o uso de pesquisas a partir de perguntas capciosas faz com que seja possível tornar “verdadeira” a mensagem desejada, ainda que não reflita propriamente a verdade. E para embasar qualquer afirmação vale tudo, até jogar na lama mais de 40 anos de carreira.

Em pleno Dia Internacional da Mulher, chega a ser revoltante ver uma jornalista trocar o compromisso com a verdade por lacração e desinformação. Mirian Leitão, que já foi protagonista de um dos maiores micos da TV brasileira — ao repetir de forma desastrosa informações ditadas em seu ponto eletrônico —, fez, nesta terça-feira, as seguintes afirmações sobre o preço dos combustíveis no Brasil:

"No resto do mundo tem subido bastante toda semana, aqui no Brasil tem muito tempo sem subir o preço dos combustíveis. E isso, que pode ajudar a pessoa que está no sufoco para encher o tanque, também beneficia o rico que tem carrão e que usa muito mais o combustível. Isso aumenta a injustiça. Só tem solução difícil para esse problema, e, em geral, as soluções que parecem fáceis estão erradas".

A fala destoa não só do bê-á-bá da economia, como de análises feitas pelo próprio grupo em diversas matérias, a exemplo da postagem de 25/10/2021, na qual O Globo Economia acertadamente afirma que: "Como o transporte influencia os custos de praticamente todos os setores da economia, a difusão do efeito da alta dos combustíveis nos outros preços é rápida".

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Qualquer pessoa com um único par de neurônios sabe que o aumento dos combustíveis eleva o preço de quase tudo, e que a alta da inflação pesa sempre muito mais no bolso dos mais pobres do que no orçamento do "rico que tem carrão", caso da própria jornalista.

Sem sombra de dúvida, toda desinformação é lamentável, até mesmo as provenientes de equívocos, sem nenhuma premeditação, visto que todos somos passíveis de falhas. Para isso, existem erratas, correções e até concessões de direito de resposta. Porém, testemunhar a que ponto alguns são capazes de chegar para impor narrativas que beneficiam os próprios interesses — ainda usando a velha estratégia de acirrar a luta de classes — chega a ser vergonhoso. Infelizmente, a palavra que melhor define esse tipo de conduta é uma só: vergonha.

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