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Análise: Lacração das cotas não passa de marketing gratuito

Empresas têm cedido ao politicamente correto ao anunciarem vagas com cotas para “minorias” e, enquanto ganham propaganda grátis, todos perdem

Patricia Lages|Do R7

Vagas de emprego exclusivas para mulheres, negros, homossexuais, travestis. Cada vez mais empresas cedem à política de cotas que, ao contrário do que se propõem, não melhora em nada o ambiente de trabalho.

Há poucas semanas a XP, empresa do mercado financeiro, anunciou a abertura de uma centena de vagas exclusivamente reservadas para mulheres. A medida faz parte de um compromisso público de contar com 50% de mulheres em seu quadro de colaboradores até 2025. Parece ótimo, não é mesmo? Mas só parece.

Cotas para mulheres no mercado de trabalho: recrutamento por gênero e não por competência
Cotas para mulheres no mercado de trabalho: recrutamento por gênero e não por competência Cotas para mulheres no mercado de trabalho: recrutamento por gênero e não por competência

Como mulher e como educadora financeira, me sinto extremamente desconfortável em saber que profissionais dessa importância têm sido recrutados por gênero e não por competência. Isso porque, no meu ponto de vista, qualquer pessoa que for atendida por uma mulher vai se questionar se ela é realmente capacitada ou se está ali só para completar uma cota estabelecida pela onda do politicamente correto.

Equidade de gênero no mercado de trabalho é algo tão sem sentido que chega a causar perplexidade que grandes corporações estejam entrando nessa narrativa. Eu não quero ser atendida por uma mulher só porque sou mulher. Eu quero ser bem atendida e ponto. Se for um homem, um travesti, um negro, quem se importa? Por que temos que engolir essa estupidez de dividir as pessoas o tempo todo e ainda posar de bonzinho por conta disso?

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A questão é que publicidade custa caro e esse tipo de medida é incomparavelmente mais barata do que uma campanha bem feita, bem pensada, com uma estratégia de mídia bem posicionada e tudo mais. A lacração das cotas gera propaganda gratuita e é isso que interessa. Se qualquer funcionário de cota tiver de conviver dentro das empresas com o fantasma de ter sido contratado não por competência, mas por qualquer outro motivo, quem se importa?

E agora chegou a vez de o Nubank surfar na mesma onda. Depois que uma fala da cofundadora do banco digital, Cristina Junqueira, repercutiu muito mal em um programa de TV, a empresa divulgou que o episódio serviu para “refletir” sobre o racismo. Junqueira – em uma fala contextualizada – comentou que seria difícil encontrar lideranças negras e que não se podia “nivelar por baixo” as equipes de trabalho. A lacrosfera não gostou e a empresa resolveu divulgar o objetivo de ter 22% de colaboradores negros até 2025.

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É assim que se “resolvem” os mal-entendidos, até porque, na lacrolândia não adianta argumentar, explicar e nem mesmo desenhar. Por lá o pessoal está acostumado apenas a tiro, porrada e bomba. E, quanto a nós como consumidores, seguimos assim: descendo a ladeira em ritmo acelerado.

Autora

Patricia Lages é autora de 5 best-sellers sobre finanças pessoais e empreendedorismo e do blog Bolsa Blindada. É palestrante internacional e comentarista do JR Dinheiro, no Jornal da Record.

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