Adolescentes se preocupam mais com a opinião dos outros que com os próprios valores
PixabayO relato de um jovem na internet me chamou tanto a atenção que resolvi transcrever na íntegra para embasar a análise de hoje.
“Nós somos a geração que não quer ter um relacionamento. A gente quer ter alguém para acordar junto no domingo, para poder tomar café da manhã na segunda, para sair para comer um lanche na terça, para jantar na quarta, mas a gente não quer ter um relacionamento.
A gente tem medo de se comprometer com alguém, porque parece que sempre tem uma outra opção, uma alternativa melhor. A gente não consegue criar conexões verdadeiras com as pessoas porque a gente tá sempre no joguinho, sempre vendo quem vai dar o golpe...
Na maioria das vezes quando a gente percebe que as coisas estão começando a ficar um pouco reais, a gente foge, se esconde, para de responder.
Porque a verdade é que a gente não consegue lidar com os nossos próprios problemas, então imagina ter que lidar com os problemas dos outros?
Só que o grande problema da nossa geração que não quer ter um relacionamento, é que no fundo, no fundo, a gente quer sim.”
Entre o grande número de comentários que a publicação gerou, destacam-se os que elogiaram a “coragem de dizer a verdade” que o jovem teve. O adolescente, que antes era reconhecido justamente por dizer o que pensava, hoje é parabenizado apenas por isso...
É verdade que enfrentar as questões da adolescência nunca foi fácil em nenhum momento da história, porém, nesta época em que os jovens se preocupam muito mais com a opinião dos outros do que com seus próprios valores e conceitos, a fase se tornou ainda mais complicada.
O desafio de todo adolescente girava em torno de entender suas mudanças físicas, psicológicas e sociais, em um momento em que não se é mais criança, mas ainda não se chegou à fase adulta. Os anos de transição eram difíceis por conta das indefinições e da insegurança de não contar mais com a proteção dos pais e ter de desenvolver uma identidade autônoma, mas hoje soma-se a isso o medo de desagradar.
Talvez pela cultura do “cancelamento”, os adolescentes se vejam obrigados a seguir uma cartilha velada que impõe comportamentos e formas de falar muito além dos modismos e gírias do passado. Atualmente, aquele que não segue à risca o que o politicamente correto dita, é “cancelado” e, em muitos casos, taxado de preconceituoso, homofóbico, misógino, intolerante, e por aí vai.
A liberdade, característica tão presente entre os adolescentes, vem sendo perdida dia após dia pelo medo de deixar seus reais pensamentos e anseios transparecerem, pois, muitas vezes, não condizem com a agenda que está sendo imposta.
Mas aqui vai uma dica para os mais jovens: não peça perdão para quem se coloca como dono da verdade e paladino de todas as virtudes. Isso vai exigir que você minta para si mesmo e suas desculpas nunca serão o bastante. Não siga esse caminho, pois se há uma coisa que não pode ser cancelada é a sua liberdade.
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