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Análise: Hollywood avança a agenda “progressista”

Cinema em Hollywood nasceu pela liberdade de produzir filmes fugindo de regras rígidas de controle, mas acaba de voltar à estaca zero

Patricia Lages|Do R7

Oscar terá cotas de diversidade
Oscar terá cotas de diversidade Oscar terá cotas de diversidade

A história que começou no final do século 19 é bastante curiosa e envolve Thomas Edison. Após ter patenteado o cinetoscópio e movido por sua enorme ambição, Edison persuadiu outros detentores de patentes do setor cinematográfico a fazerem parte de uma associação, a Motion Pictures Patents Company (MPPC). A ideia principal era impor aos produtores de cinema a cobrança de direitos autorais pelo uso dos equipamentos patenteados pelas empresas associadas.

A MPPC se tornou tão poderosa que passou a controlar tudo: a produção dos rolos de filme, as câmeras de cinema, os estúdios de gravação, os projetores e até mesmo os locais de exibição. Dessa forma, não era possível produzir nem exibir um filme sem pagar direitos à MPPC. Se alguém se atrevesse a realizar qualquer produção sem cumprir as regras rígidas era processado e levado a julgamento.

Para driblar o controle e as cobranças, os produtores viram no estado da Califórnia uma saída interessante e, então, surge Hollywood e o Big Eight, reunindo oito estúdios de cinema, entre eles, MGM, Paramount e Warner Bros. Os estúdios começaram a produzir independentemente amparados por uma legislação estadual que não estava preocupada com os direitos de patente de Edison. Os filmes produzidos em Hollywood estavam finalmente livres do controle da MPPC.

Porém, em pleno século 21, Hollywood se dobra a um controle ainda maior e mais rígido, rendendo-se a uma política identitária que em nada beneficia quem diz defender. Agora o alvo não é mais o controle de equipamentos, mas sim, o controle dos pensamentos. É preciso incutir na cabeça das pessoas as narrativas da agenda “progressista” a qualquer custo e, para isso, nada melhor do que a magia de quem produz o melhor cinema do mundo.

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A partir de 2024, o Oscar somente aceitará como indicados a melhor filme as produções que cumprirem pelo menos duas das quatro novas normas rigorosas de eligibilidade que se referem à inclusão de minorias. Antes de destacar as regras é preciso registrar a minuciosidade na definição de quem faz parte das minorias: mulheres, grupos raciais ou étnicos, pessoas pertencentes à comunidade LGBTQ, pessoas com deficiências (cognitivas ou físicas), negros, indígenas, asiáticos, hispânicos, originárias do Oriente Médio e do Norte da África, havaianos ou nascidos em outras ilhas do Pacífico ou de outras etnias sub-representadas. Vamos às regras:

1) Determinação do protagonista, distribuição de papéis e narrativa

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Há três opções: o protagonista deve pertencer a uma minoria, ou 30% dos demais papéis ou ainda que o tema principal esteja ligado a elas.

2) Direção e equipe

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As minorias terão de preencher dois cargos de liderança e chefia de departamentos, seis cargos técnicos e 30% de toda a equipe.

3) Novas vagas

Programas de estágio e treinamento também devem cumprir obrigatoriamente cotas para minorias.

4) Divulgação

Em todo processo de marketing, publicidade e distribuição as cotas para minorias também devem ser obedecidas.

É preciso lembrar que toda regra que obriga, ao mesmo tempo proíbe. Nesse caso, qualquer filme que tenha um ótimo tema e enredo, um excelente protagonista, uma equipe de produção altamente talentosa e uma divulgação impecável, mas não cumprir pelo menos metade das novas regras está proibido de concorrer ao Oscar de melhor filme. Ainda que seja o melhor filme.

A narrativa de inclusão dos globalistas funciona por meio da exclusão. Inclusive a exclusão do mérito, por mais estranha que seja a frase. E, dessa forma, caminhamos para um mundo em que o talento fica em segundo plano e onde o empenho e a dedicação não são tão necessários. Um “novo normal” onde o medo de ser mal interpretado cai de joelhos diante de grupos barulhentos que dizem buscar igualdade, mas que, na verdade, trabalham arduamente para impor divisões por meio da criação de grupos cada vez mais específicos.

Vivemos tempos de pensamento raso, raciocínio preguiçoso, problematização de tudo e qualquer coisa e de muita vitimização. Em vez de avançarmos para uma sociedade mais igualitária onde todos ganhem, estamos caminhando para um tempo em que todos igualmente perdem. Para representar a confusão que estamos testemunhando, só mesmo citando uma das várias frases ininteligíveis de Dilma Rousseff: “Não acho que quem ganhar ou quem perder, nem quem ganhar nem perder, vai ganhar ou perder. Vai todo mundo perder.”

Autora

Patricia Lages é autora de 5 best-sellers sobre finanças pessoais e empreendedorismo e do blog Bolsa Blindada. É palestrante internacional e comentarista do JR Dinheiro, no Jornal da Record.

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