Pesquisa revela efeito das medidas de lockdown na saúde dos brasileiros
ReproduçãoA pesquisa Doenças Crônicas e Seus Fatores de Risco e Proteção, feita pelo Ieps (Instituto de Estudos para Políticas de Saúde), revela dados alarmantes sobre o efeito das medidas de lockdown na saúde dos brasileiros em 2020, quando o país esteve em isolamento social por mais tempo.
Para além das pessoas que foram infectadas com o novo coronavírus, a saúde do brasileiro piorou, tanto no corpo quanto na mente. Houve agravamento tanto de doenças crônicas como um aumento considerável nos transtornos psíquicos, que, por sua vez, desencadeiam outras doenças.
O consumo abusivo de álcool (que também é responsável pelo aumento da violência doméstica) e o sedentarismo contribuíram, entre outras coisas, para o aumento da obesidade, algo que já preocupava mesmo antes da pandemia. Essa comorbidade pode causar e agravar doenças como diabetes e diversos problemas cardíacos.
Em 2006, a média nacional de obesidade era de 11,8% e, a cada ano, essa porcentagem foi crescendo, principalmente em razão do sedentarismo e do uso da comida como gratificação em momentos ruins. Até 2011, nenhuma capital brasileira havia registrado índices de obesidade acima de 20%, porém, em razão do isolamento, já há cidades chegando aos 25%, como Manaus (24,9%), Cuiabá (24%) e Rio de Janeiro (23,8%).
O índice de sedentarismo subiu de 13,9% para 14,9%, enquanto o consumo abusivo de álcool saltou de 18,8% para 20,4%. A autora da pesquisa, Beatriz Rache, mestre em economia pela Universidade Columbia (nos Estados Unidos), afirma que “todos os indicadores de risco comportamentais pioraram de 2019 para 2020” e associa esses resultados à pandemia.
Esses dados mostram que trancar a população em casa como se o coronavírus fosse o único problema a ser considerado piorou a saúde do brasileiro. Isso sem mencionar o alto índice de pessoas que tiveram de abandonar diversos tratamentos — incluindo câncer e outras doenças graves — por causa do “fique em casa”.
Ao que tudo indica, a medida amplamente divulgada como a melhor maneira de resguardar a saúde das pessoas, nesses casos, surtiu o efeito contrário. O “depois”, que já chegou para a economia e destroçou as finanças de milhões de pessoas, também chegou para a saúde. Resta saber o que os promotores e defensores das diversas ampliações da quarentena farão para mudar esse quadro.
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