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Análise: Fique em casa, e a saúde a gente vê depois

Pesquisa aponta isolamento como causador de efeitos devastadores na saúde, mesmo entre os que não se infectaram

Patricia Lages|Do R7

Pesquisa revela efeito das medidas de lockdown na saúde dos brasileiros
Pesquisa revela efeito das medidas de lockdown na saúde dos brasileiros Pesquisa revela efeito das medidas de lockdown na saúde dos brasileiros

A pesquisa Doenças Crônicas e Seus Fatores de Risco e Proteção, feita pelo Ieps (Instituto de Estudos para Políticas de Saúde), revela dados alarmantes sobre o efeito das medidas de lockdown na saúde dos brasileiros em 2020, quando o país esteve em isolamento social por mais tempo.

Para além das pessoas que foram infectadas com o novo coronavírus, a saúde do brasileiro piorou, tanto no corpo quanto na mente. Houve agravamento tanto de doenças crônicas como um aumento considerável nos transtornos psíquicos, que, por sua vez, desencadeiam outras doenças.

O consumo abusivo de álcool (que também é responsável pelo aumento da violência doméstica) e o sedentarismo contribuíram, entre outras coisas, para o aumento da obesidade, algo que já preocupava mesmo antes da pandemia. Essa comorbidade pode causar e agravar doenças como diabetes e diversos problemas cardíacos.

Em 2006, a média nacional de obesidade era de 11,8% e, a cada ano, essa porcentagem foi crescendo, principalmente em razão do sedentarismo e do uso da comida como gratificação em momentos ruins. Até 2011, nenhuma capital brasileira havia registrado índices de obesidade acima de 20%, porém, em razão do isolamento, já há cidades chegando aos 25%, como Manaus (24,9%), Cuiabá (24%) e Rio de Janeiro (23,8%).

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O índice de sedentarismo subiu de 13,9% para 14,9%, enquanto o consumo abusivo de álcool saltou de 18,8% para 20,4%. A autora da pesquisa, Beatriz Rache, mestre em economia pela Universidade Columbia (nos Estados Unidos), afirma que “todos os indicadores de risco comportamentais pioraram de 2019 para 2020” e associa esses resultados à pandemia.

Esses dados mostram que trancar a população em casa como se o coronavírus fosse o único problema a ser considerado piorou a saúde do brasileiro. Isso sem mencionar o alto índice de pessoas que tiveram de abandonar diversos tratamentos — incluindo câncer e outras doenças graves — por causa do “fique em casa”.

Ao que tudo indica, a medida amplamente divulgada como a melhor maneira de resguardar a saúde das pessoas, nesses casos, surtiu o efeito contrário. O “depois”, que já chegou para a economia e destroçou as finanças de milhões de pessoas, também chegou para a saúde. Resta saber o que os promotores e defensores das diversas ampliações da quarentena farão para mudar esse quadro.

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