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Análise: Feminismo moderno troca bandeiras legítimas por hipocrisia

É inegável que o movimento feminista trouxe conquistas para as mulheres. Hoje, porém, as bandeiras legítimas estão cada vez mais distantes

Patricia Lages|Do R7

Movimento feminista fez vista grossa em relação às ofensas sofridas por Regina Duarte
Movimento feminista fez vista grossa em relação às ofensas sofridas por Regina Duarte Movimento feminista fez vista grossa em relação às ofensas sofridas por Regina Duarte

Direito de estudar, votar, receber herança e poder fazer planejamento familiar foram algumas das várias conquistas de extrema importância que a luta feminista garantiu às mulheres. Porém, ao longo do tempo, o movimento foi se estendendo por caminhos tortuosos e, em algum momento, se afastou de sua essência.

Hoje em dia, inúmeras bandeiras são levantadas apenas por partidarismo político e ideológico. Mas claro que tudo é sempre muito bem regado com uma dose generosa de hipocrisia. Prova disso é a seletividade do “mexeu com uma, mexeu com todas” que, na prática, inclui apenas quem se enquadra em certas ideologias e partidos políticos.

Dois casos recentes confirmam que as bandeiras feministas só tremulam para quem faz parte de uma panelinha preestabelecida, aconteça o que acontecer com as que estão do lado de fora. Um deles é o da atriz e atual Secretária da Cultura Regina Duarte e as ofensas repugnantes de José de Abreu, e o outro envolvendo um programa proposto pela ministra Damares Alves.

O movimento feminista fez vista grossa em relação ao ocorrido com Regina Duarte, esquecendo de que há 40 anos ela protagonizou Malu Mulher, produção que conta a história de uma divorciada que luta para criar a filha, driblando os preconceitos da época. O silêncio das feministas só reitera o fato de que o movimento é partidário e ideológico e não reconhece os feitos de mulheres que pensam diferente.

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Quanto à ministra, tudo o que envolve seu nome vira polêmica e se torna combustível para fake news. A tão necessária Campanha de Prevenção da Gravidez na Adolescência, lançada no último dia 3, virou chacota ao ser batizada de “campanha de abstinência sexual”. Além de reduzir um programa importante a um único fator, uma série de notícias falsas começou a circular, como a que afirma que haverá suspensão de programas de distribuição de preservativos, entre outras medidas já existentes e que serão mantidas.

A campanha, entre outras coisas, tem o objetivo de conscientizar a sociedade de que não podemos ver com normalidade o sexo praticado por crianças. A média nacional de início da atividade sexual está em 12 anos de idade, ou seja, desceu da adolescência para a infância, quando a criança nem mesmo tem um corpo preparado para isso. Obviamente as maiores prejudicadas são as meninas, principalmente quando engravidam e, em sua maioria – deixam a escola e ficam sem perspectiva de futuro.

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Mas para esse feminismo que aí está o que importa não são as mulheres, mas sim, ser um instrumento de doutrinação ideológica com interesses puramente políticos. Infelizmente, a cada dia o movimento prova que trocou bandeiras legítimas por estandartes de pura hipocrisia.

Patricia Lages

É jornalista internacional, tendo atuado na Argentina, Inglaterra e Israel. É autora de cinco best-sellers de finanças e empreendedorismo e do blog Bolsa Blindada. Ministra cursos e palestras, tendo se apresentado no evento “Success, the only choice” na Universidade Harvard (2014). Na TV, apresenta o quadro "Economia a Dois" na Escola do Amor, Record TV. No YouTube mantém o canal "Patricia Lages - Dicas de Economia", com vídeos todas as terças e quintas.

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