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Análise: Fechamento das escolas na pandemia deixará Brasil mais pobre, diz FMI

Estudantes brasileiros perderam o equivalente a 6 anos de ensino e Brasil terá geração 9% mais pobre

Patricia Lages|Do R7

Precariedade no ensino à distância foi notória durante a pandemia
Precariedade no ensino à distância foi notória durante a pandemia Precariedade no ensino à distância foi notória durante a pandemia

Em boa parte do mundo o ensino já vinha passando por um “processo de emburrecimento”, assunto que deu origem ao livro Emburrecimento programado, escrito pelo professor americano John Taylor Gatto. Para ele, há um “currículo oculto cujo objetivo é emburrecer” e que as escolas não passam de “um mecanismo de engenharia social”. 

“Se queremos mudar o que está rapidamente se transformando num desastre de ignorância, temos de compreender que a instituição escolar serve para ‘escolarizar’, mas não para ‘educar’, e que ‘educar’ e ‘escolarizar’ são termos mutuamente excludentes”, afirma Gatto.

Livro trata do 'currículo oculto cujo objetivo é emburrecer'
Livro trata do 'currículo oculto cujo objetivo é emburrecer' Livro trata do 'currículo oculto cujo objetivo é emburrecer'

Para piorar, o fechamento das escolas durante a pandemia agravou ainda mais esse quadro, ao manter os alunos fora do ambiente escolar por tanto tempo. Enquanto vários países puderam contar com uma estrutura adequado ao ensino remoto, o Brasil ficou muito aquém do mínimo necessário.

Mesmo em São Paulo, estado mais rico do Brasil, a precariedade no ensino à distância foi notória, com professores sem a estrutura e os equipamentos necessários e os alunos, menos ainda. Era óbvio, mesmo para quem não é da área educacional, que um fechamento tão extenso como o que tivemos traria altos prejuízos, porém, talvez não soubéssemos que seriam tão severos como as previsões atuais.

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Defasagem do ensino pós-pandemia

Se o nível do ensino brasileiro já era ruim, o próprio secretário de educação de São Paulo, Rossieli Soares, diz que “ficou ainda pior” depois da pandemia.

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De acordo com a Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, os alunos do ensino médio tiveram o pior desempenho da história em 2021. Dados do Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar de São Paulo (Saresp), dão conta de que 97% dos alunos deixarão a escola com uma defasagem de seis anos no aprendizado. O que não significa que os outros 3% estão com o aprendizado em dia, mas que provavelmente tiveram uma defasagem menor.

O próprio Dr. Anthony Fauci, médico e conselheiro-chefe dos Estados Unidos, favorável ao lockdown, declarou que “é muito importante manter as crianças na escola pela simples razão de que sabemos dos prejuízos psicológicos e mentais que elas sofreram”. Ele também afirmou que agora farão tudo o que puderem para não recorrerem mais ao fechamento das escolas.

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Prejuízos financeiros: geração mais pobre

Para além de problemas de ordem psicológica, mental e da defasagem no aprendizado, virão também problemas financeiros.

Segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), os brasileiros terão uma das piores perdas de renda entre as maiores economias globais, devido ao fechamento das escolas. Se nada for feito, essa geração de estudantes poderá ter uma renda 9,1% menor ao longo da vida.

O impacto da pandemia na educação aumentará a desigualdade social por um tempo que ainda não é possível prever com exatidão, pois, segundo o relatório divulgado pelo FMI, os efeitos negativos na economia não têm precedentes. 

Diante de um quadro desolador e de uma geração que já era conhecida como apática e desalentada – e que também será mais pobre – resta saber o que os entusiastas do “fique em casa” farão para remediar essas questões.

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