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Análise: Fazendo tempestade em um copo d’água

Bastou postar uma foto com a imagem de três copos com água para que várias pessoas demonstrassem que são contra tudo o que dizem lutar a favor.

Patricia Lages|Do R7

Tolerância, respeito, liberdade de expressão e luta por igualdade de direitos não passam de palavras vazias no discurso de muita gente. A fragilidade das falas é tamanha que não foi preciso mais do que a imagem de três copos com água para apagá-las. Junto da imagem postada em meu Instagram, a legenda chama à reflexão com uma pergunta clara e direta: “Qual será o futuro de uma geração hipersensível que não aceita repreensão e que se ofende com tudo e qualquer coisa?”

Houve pessoas que viram na postagem desrespeito aos direitos LGBT, aos negros, às mulheres e aos pobres oprimidos. Houve até a citação fantasiosa de que a repreensão a que me referi supostamente seria para dar voz a homens brancos e héteros, o que levou a outro comentário que afirma que as únicas pessoas que não têm direito de reclamar de nada são os homens brancos e héteros. Todos têm direitos, menos esses opressores...

Imagem de três copos provocou reação na redes
Imagem de três copos provocou reação na redes Imagem de três copos provocou reação na redes

Fora os que arbitrariamente leram “repressão” e me mandaram “calar o bico”, “voltar duas casas”, “guardar minhas opiniões para mim” e não mais perder oportunidades “de ficar calada”. Mas houve conselhos também, como o que me orientou a “contratar uma empresa de marketing digital para administrar minhas redes” para que eu parasse de postar “esse tipo de conteúdo”. Ou seja: pagar “especialistas” (como ela) para ditar o que devo dizer para não ferir suscetibilidades, agradar todo mundo e, com isso, ganhar seguidores.

São falas, no mínimo, estranhas, vindas da geração que prega o direito de falar o que quiser. Mas, espere... acabo de me lembrar de que só se pode falar o que eles querem, do jeito que querem. Aliás, tem crescido o número de “conselhos” que recebo para reescrever meus textos usando esta palavra em vez daquela, apagando isso e pondo aquilo. Só não entendo porque esses gênios da comunicação politicamente correta não têm seus próprios canais com milhares (ou milhões) de seguidores. Ah... acabo de me lembrar também que eles não conseguem fazer isso porque são oprimidos pelo patriarcado branco e hétero!

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Não vamos nem entrar na questão de que falta interpretação de texto, bom senso e educação, mas sim, no fato de que as pessoas parecem não estar raciocinando, mas apenas fantasiando. Essa história de criar a “verdade” de cada um está mesmo sendo levada a sério por muita gente. Ver coisas onde elas não existem está se tornando a cada dia mais real.

Muitos estão andando armados o tempo todo, carregados de ofensas na ponta da língua só esperando que alguém cruze o seu caminho para destilarem todo veneno que acumulam dentro de si. É uma geração que, infelizmente, não aprendeu a fazer limonada com os limões da vida, mas que quer exterminar os limoeiros para não sentir o azedo da fruta. E, no fim disso tudo, a pergunta ainda permanece: Qual será o futuro de uma geração hipersensível que não aceita repreensão e que se ofende com tudo e qualquer coisa?

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Patricia Lages

É jornalista internacional, tendo atuado na Argentina, Inglaterra e Israel. É autora de cinco best-sellers de finanças e empreendedorismo e do blog Bolsa Blindada. Ministra cursos e palestras, tendo se apresentado no evento “Success, the only choice” na Universidade Harvard (2014). Na TV, apresenta os quadros "Economia doméstica" no programa "Mulheres" TV Gazeta e "Economia a Dois" na Escola do Amor, Record TV. No YouTube mantém o canal "Patrícia Lages - Dicas de Economia", com vídeos todas as segundas e quartas.

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