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Análise: Fase vermelha, a cor preferida do gestor

Estado de São Paulo volta à fase vermelha com transporte público superlotado e centenas de ônibus parados nas garagens

Patricia Lages|Patricia Lages, do R7

Transporte público lotado em São Paulo nesta segunda-feira (12)
Transporte público lotado em São Paulo nesta segunda-feira (12) Transporte público lotado em São Paulo nesta segunda-feira (12)

Depois de 13 meses de pandemia não há quem não saiba que a forma mais eficaz de combate ao coronavírus é o distanciamento social. Por mais que os protocolos de segurança tenham sido dúbios e muitas informações tenham mudado ao longo desse período, o distanciamento social sempre esteve – e ainda permanece – na lista de medidas a serem consideradas, independentemente de quaisquer outras.

Porém, no país onde qualquer coisa é motivo para que aproveitadores entrem em ação, a pandemia virou guerra política e, no meio do fogo cruzado, quem leva a pior é a população. O governador de São Paulo, mais uma vez, vai na contramão da ciência e faz vista grossa para o maior disseminador do coronavírus: o transporte coletivo. Este é o local onde distanciamento social é absolutamente impossível, mas que parece não causar nenhuma preocupação à dupla Doria/Covas.

Se, de fato, tivéssemos gestores preocupados com a vida, a manhã desta segunda-feira, bem como as mais de 300 manhãs anteriores, não seriam ignoradas como vêm sendo. Estações de trem e metrô lotadas desde as plataformas, circulando com vagões abarrotados, enquanto ônibus circulam feito latas de sardinha, apinhados de pessoas que não saíram de casa rumo a um passeio no parque.

Mas por que o transporte está superlotado se há menos pessoas circulando? Porque, com a anuência dos nossos gestores-salvadores-de-vidas, as empresas de transporte estão mantendo centenas de ônibus parados nas garagens para não sofrerem prejuízo. A pergunta, nesse caso, deveria ser: por que praticamente todos os setores estão tendo prejuízo atrás de prejuízo enquanto este, particularmente, tem o aval das autoridades para continuar funcionando com capacidade reduzida quando deveriam fazer exatamente o contrário? É óbvio que, com mais coletivos nas ruas, as pessoas manteriam distanciamento e circulariam com mais segurança, porém, o foco desses gestores está em áreas que cumpriram as normas e que não representam nem uma fração do perigo que o transporte público causa. Por que será? De que adianta trancar tudo e permitir o funcionamento apenas do que julgam ser essencial se os trabalhadores desses locais se expõem todos os dias em ônibus, trens e metrôs lotados?

A questão é que a politicagem está em primeiro lugar e, em segundo, a publicidade, afinal de contas, o importante é sair bonito na foto e usar toda verba milionária – paga com dinheiro do contribuinte – para garantir elogios a uma administração autoritária e que não se baseia na ciência nem em vidas. Quem está tão deslumbrado com sua autoridade, que tal mostrar quem manda tirando esses ônibus das garagens e colocando-os em circulação? Ou o discurso em prol da vida não vale para todo mundo? A resposta a essas perguntas veremos amanhã de manhã, com mais um dia de caos e insegurança para quem usa os serviços das empresas queridinhas dos nossos gestores.

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