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Análise: Faça o que quiser, mas aguente o que vier

Estamos na era do “faça o que quiser”, mas são poucos os que têm tido responsabilidade para arcar com as consequências de seus atos  

Patricia Lages|Do R7

Não há dúvida de que cada um é livre para escolher o caminho que quiser seguir, para falar tudo o que vier à cabeça e agir de acordo com a sua própria vontade. Aliás, quanto a isso, inúmeras bandeiras têm sido levantadas, incentivando as pessoas a viverem conforme as suas regras, não darem ouvidos a ninguém e serem autossuficientes em tudo.

Toda liberdade traz suas consequências
Toda liberdade traz suas consequências Toda liberdade traz suas consequências

Empoderamento tem sido uma palavra tão repetida – e tão mal-empregada – que se tornou chata, arrogante e difícil de aguentar. Mas ao contrário da pregação insistente do “faça o que quiser”, pouco ou quase nada se fala a respeito das consequências de uma vida onde a vontade de cada um é colocada acima de tudo e de todos.

A grande verdade é que, apesar de sermos livres para fazermos o que bem desejarmos, não somos livres para escolher as consequências dos nossos atos. Já dizia um provérbio chinês: “o plantio é opcional, a colheita obrigatória”.

Quando tomo conhecimento de pais que vão à escola tirar satisfações porque o filho foi disciplinado pelo professor, sinto muita pena da criança. Ela apenas fez o que quis por não ter noção, devido à sua imaturidade, de que aquilo era passível de repreensão. Mas os pais, tão imaturos quanto, tiram do próprio filho o direito de aprender lições valiosas.

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Essa criança vai acabar aprendendo mais tarde – e geralmente das piores formas – que, ao contrário do que seus pais disseram, ela não pode fazer tudo o que quiser sem arcar com as consequências de seus atos.

Vivemos em uma sociedade emburrecida pela tecnologia e idiotizada por bandeiras incoerentes que, ao mesmo tempo que pregam a tolerância com o suposto objetivo da boa convivência, bradam que a vontade de cada um é o princípio maior da vida. Porém, esquecem de que, desde que o mundo é mundo, as civilizações só puderam ser formadas com base em regras preestabelecidas e que, quando quebradas, geram consequências para quem as infringiu. Gritar aos quatro ventos que a vontade de cada um é soberana e que podemos fazer o que quisermos é de uma irresponsabilidade e de um retrocesso imenso ao processo evolutivo do homem como ser civilizado.

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E o resultado está aí para quem tem olhos para ver: crianças sem um pingo de educação, jovens sem a menor empatia, adultos mimados, imaturos e imbecilizados por acreditarem que são melhores do que os outros, afinal, cresceram ouvindo que são especiais e que o resto da humanidade só existe para satisfazer suas vontades.

Tão triste quanto real e só mostra que quanto mais nos afastamos dos verdadeiros princípios que nos trouxeram até aqui, mais irracionais nos tornamos. Hoje em dia é necessário andar na contramão se realmente queremos continuar seguindo em frente.

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Patricia Lages

É jornalista internacional, tendo atuado na Argentina, Inglaterra e Israel. É autora de cinco best-sellers de finanças e empreendedorismo e do blog Bolsa Blindada. Ministra cursos e palestras, tendo se apresentado no evento “Success, the only choice” na Universidade Harvard (2014). Na TV, apresenta o quadro "Economia a Dois" na Escola do Amor, Record TV. No YouTube mantém o canal "Patricia Lages - Dicas de Economia", com vídeos todas as terças e quintas.

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