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Análise: Ensino que vive para atrasar não adianta

Educação brasileira não valoriza quem se destaca por méritos próprios, prioriza a burocracia e premia o vitimismo.  

Patricia Lages|Do R7

Existem inúmeras diferenças entre países desenvolvidos e subdesenvolvidos, mas uma das principais certamente é a forma como uma nação reconhece e incentiva os talentos de seu povo. Países de primeiro mundo entenderam que quem promove seu crescimento é a própria população e que, se devidamente apoiada e incentivada para desenvolver seus potenciais, conduzirá toda a sociedade ao sucesso.

Mas, na contramão dessa premissa, estão os países de terceiro mundo que insistem no equívoco de que é o governo quem deve suprir todas as necessidades de seu povo “de graça” – como se isso fosse possível – sempre interferindo em toda e qualquer iniciativa inovadora, burocratizando e dificultando a vida de quem ousa fazer alguma coisa fora da caixa.

Assim é com quem empreende, que, em vez de receber incentivos para crescer e fomentar emprego e renda, é sobrecarregado por taxas e impostos e pela imposição de cumprir centenas de leis inúteis que só atrapalham. E assim é com quem se destaca nos estudos, tendo seus talentos abafados sob o pretexto infeliz de que todos devem ser iguais. Porém, o que esse tipo de pensamento mesquinho causa na prática é um nivelamento por baixo que não nos permite crescer. E, dessa forma, o Brasil segue sendo o eterno país do futuro. Um futuro que não chega nunca para quem tem a mente no passado.

Quem empreende no Brasil é sobrecarregado por taxas e impostos e pela imposição de leis inúteis
Quem empreende no Brasil é sobrecarregado por taxas e impostos e pela imposição de leis inúteis Quem empreende no Brasil é sobrecarregado por taxas e impostos e pela imposição de leis inúteis

Enquanto nossas leis estapafúrdias – e que ferem a própria Declaração Universal dos Direitos Humanos – impedem que Elisa Flemer, de 17 anos, ingresse em uma faculdade pública mesmo tendo passado em quinto lugar, os Estados Unidos estão prontos para recebê-la de braços abertos.

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Em 2019, aos 16 anos, Elisa já havia passado em seu primeiro vestibular, mas foi impedida de cursar a faculdade por não ter diploma do ensino médio. Adepta do homeschooling, a jovem foi proibida de estudar pela falta de um documento que, segundo nossas leis, vale mais do que a comprovação do seu conhecimento. Ela teria de se atrasar mais um ano para poder entrar em uma faculdade brasileira, enquanto milhares de alunos ingressam facilmente empurrados por sistemas que só maquiam os vergonhosos números do ensino nacional, no melhor estilo “tapar o sol com a peneira”.

Sensibilizada com a história de Elisa, a StartSe University, em São Francisco, ofereceu a ela uma bolsa de estudos no Vale do Silício, nos Estados Unidos. O CEO da empresa, Junior Borneli, afirmou que “não são os diplomas que definem nossas habilidades, mas sim, o conhecimento que se adquire”. Além da oportunidade de estudar administração de negócios com todas as despesas pagas, inclusive de moradia, Elisa também terá direito a um estágio. Enquanto o Brasil se mostra pequeno demais para quem se destaca, há lugares que investem pesado para atrair pessoas com talento e disposição de fazer a diferença.

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Quantas Elisas teremos de perder para que leis limitadoras deixem de existir? Quando o legislativo deste país vai entender que atrasar a população é assinar um atestado de estupidez? E quando a população brasileira vai perceber que quanto mais intervenções estatais, mais retrocesso? Há um longo caminho pela frente, mas em vez de aplanar o terreno, a cada dia somos surpreendidos por legisladores que colocam mais e mais obstáculos.

Autora

Patricia Lages é autora de 5 best-sellers sobre finanças pessoais e empreendedorismo e do blog Bolsa Blindada. É palestrante internacional e comentarista do JR Dinheiro, no Jornal da Record.

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