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Análise: Educação financeira é a chave para um país economicamente forte, mas a quem interessa?

Com acesso ao crédito relativamente fácil e pouco ou nenhum conhecimento, brasileiros se endividam cada vez mais e comprometem economia

Patricia Lages|Do R7

Ao somar o consumismo desenfreado à facilidade de acesso ao crédito e subtrair o conhecimento financeiro, temos o óbvio resultado apontado por estudos e levantamentos oficiais: mais de 64 milhões de inadimplentes e 78,9% das famílias brasileiras endividadas.

Para entender a diferença, considere que inadimplente é a pessoa que possui dívidas em atraso, cujo CPF está negativado – o popular “nome sujo” – e, portanto, com o crédito restrito. Já o devedor é aquele que possui dívidas a pagar, como financiamentos, empréstimos ou parcelamentos de qualquer natureza, mas está com os pagamentos em dia.

Segundo um estudo da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), o pagamento de juros de dívidas chega a consumir 12,69% da renda das famílias é já é a terceira maior despesa do orçamento, ficando atrás apenas do aluguel e da alimentação.

Pagamento de juros de dívidas chega a consumir 12,69% da renda das famílias é já é a terceira maior despesa do orçamento,
Pagamento de juros de dívidas chega a consumir 12,69% da renda das famílias é já é a terceira maior despesa do orçamento, Pagamento de juros de dívidas chega a consumir 12,69% da renda das famílias é já é a terceira maior despesa do orçamento,

Com isso, bancos, cooperativas de crédito e demais instituições financeiras que oferecem crédito, aumentam as taxas de juros – entre outras ações – para se resguardarem das perdas causadas pela inadimplência. O resultado é crédito mais caro para quem precisa contratar empréstimos e financiamentos e ganhos astronômicos para quem concede.

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De acordo com informações do Banco Central, as regras do jogo são as seguintes: “para um dado prazo, quanto maior a taxa de inadimplência, maior deverá ser a taxa de juros cobrada para repor as perdas dessa operação. Para uma dada taxa de inadimplência, quanto menor o prazo dos empréstimos, maior deverá ser a taxa de juros cobrada para repor as perdas com inadimplência.” Ou seja, qualquer que seja o prazo, maior ou menor, ao haver risco de inadimplência, a taxa de juro sempre será puxada para cima.

Além disso, a inadimplência prejudica a economia como um todo, pois quando o comércio e as empresas não recebem de seus clientes, também não conseguem honrar seus compromissos. Para compensarem as perdas, recorrem ao aumento de preços de seus produtos e serviços. E, apesar de que toda e qualquer elevação de preços compromete o orçamento a todos, os mais pobres perdem mais. Isso porque, enquanto a classe média se vê obrigada a reduzir o consumo, os mais pobres ficam simplesmente impossibilitados de consumir.

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Mas, mesmo diante de um quadro alarmante como esse, a introdução da educação financeira no currículo escolar desde o ensino fundamental tem encontrado uma resistência tão forte e veemente quanto irracional. A verdade é que não interessa à classe política, nem aos poucos que lucram com a inadimplência que as pessoas tenham conhecimento suficiente para sair dessa bola de neve.

O foco do serviço público deveria estar na construção da riqueza, pois esta é a única coisa que verdadeiramente combate a pobreza. E a educação financeira é a base para essa construção. Mas a pergunta é: a quem interessa, de fato, que essa mudança aconteça?

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