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Análise: Educação dada pelo Estado atende a interesses do Estado

Alunos deixam a escola sem saber como cuidar do próprio dinheiro, abrir um negócio ou como funcionam os juros compostos

Patricia Lages|Patricia Lages, do R7

Todos os anos, milhões de estudantes saem das escolas sem saber lidar com situações práticas
Todos os anos, milhões de estudantes saem das escolas sem saber lidar com situações práticas Todos os anos, milhões de estudantes saem das escolas sem saber lidar com situações práticas

Certa vez, uma amiga com duas faculdades e pós-doutorado pediu orientação sobre como “processar o banco” que, há mais de um ano, vinha descontando de forma “irregular” as parcelas de seu empréstimo pessoal, que foi usado como capital de giro para sua empresa. Ela contou ter solicitado R$ 40 mil, a uma “taxinha” de 2% ao mês, com prazo de 48 meses para pagar, mas que o banco estava cobrando mais de R$ 1.300 por mês. “Se isso estivesse correto, eu pagaria um total de mais de R$ 62 mil, quando deveria pagar apenas R$ 40.800”, concluiu ela de forma bastante indignada.

Não sei o que é mais errado nessa história: se o fato de ela acreditar que o banco acrescentaria 2% sobre o total emprestado para, então, dividi-lo por 48 parcelas fixas; não ter parado por três segundos para multiplicar o valor da parcela pelo prazo e conferir o montante final; ter levado mais de um ano para perceber o suposto erro; ou ter feito um empréstimo como pessoa física para socorrer uma pessoa jurídica.

Quando expliquei que juros compostos são calculados mês a mês sobre todo o prazo, que ela deveria ter usado seu celular de última geração para fazer uma simples multiplicação antes de assinar o contrato, que seu controle financeiro deveria ser feito com muito mais regularidade do que uma vez por ano, e que a diferença entre produtos bancários para pessoas físicas e jurídicas não existe por acaso, ela percebeu que, no que se refere a finanças, precisava voltar ao jardim de infância.

Todos os anos, milhões de estudantes saem das escolas sem saber falar em público, nem abrir seu próprio negócio e sem noção alguma sobre: nutrição, primeiros socorros, marketing pessoal, comportamento consumidor, gerenciamento de tempo, pagamento de impostos, investimentos, técnicas de negociação, interpretação de contratos, direitos e deveres civis, planejamento familiar e um sem-fim de coisas que, ao que tudo indica, o governo não tem o menor interesse em incluir — na prática — na grade curricular.

Para quebrar esse ciclo é importante que todos saibam, principalmente os pais, que o estudo oferecido pelo governo sempre buscará atender aos interesses do governo. Tomar para si a responsabilidade pela construção do próprio conhecimento, buscando aprender aquilo que realmente interessa é, cada vez mais, um dever de cada um de nós.

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