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Análise: distração e “emburrecimento” em níveis alarmantes

Mesmo com tantas ferramentas ágeis e eficientes, cada vez mais a comunicação está truncada pela falta de atenção e de raciocínio

Patricia Lages|Do R7

Tudo em exagero é prejudicial, inclusive a internet
Tudo em exagero é prejudicial, inclusive a internet Tudo em exagero é prejudicial, inclusive a internet

A internet é muito mais do que uma ferramenta de comunicação, pois a infinidade de possibilidades que ela proporciona revolucionou o mundo todo de forma que ele jamais será o mesmo. Porém, se por um lado ela tem o poder de remir o tempo, encurtar distâncias e possibilitar mais produtividade, por outro, tem sido utilizada como um fator de distração que tem até mesmo “emburrecido” muita gente.

Creio que você já sentiu na pele o resultado do nível de distração que muitas pessoas estão enfrentando, como no exemplo do anúncio do bolo de chocolate que já se tornou um clássico:

“Amigos, estou vendendo bolo de chocolate! Cada pedaço tem 150g, custa R$ 5 e você recebe gratuitamente em casa. Bairros atendidos: Ipiranga, Vila Mariana, Saúde, Mirandópolis e Jabaquara. Pedidos no celular (11) XXXX-XXXX. A partir do mês que vem venderemos bolos inteiros!”

E quais são as perguntas logo abaixo?

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“Qual sabor?”

“Quanto custa?”

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“Como faz pra comprar?”

“Qual peso?”

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“Quanto é o frete?”

“Vende inteiro?”

“Entrega na Mooca?”

Esse é um caso típico de distração, afinal de contas, todas as informações estão claras. Porém, além do nível de distração mais alto do que nunca, estão a preguiça de pensar e o “emburrecimento”. A “geração digital” ou “nativos digitais” têm, pela primeira vez na história, um QI inferior ao de seus pais.

O neurocientista francês Michel Desmurget, autor do livro “A Fábrica de Cretinos”, alerta que os dispositivos tecnológicos estão afetando negativamente o desenvolvimento de crianças e jovens. Os prejuízos são vários, mas Desmurget destaca, entre eles, a diminuição da qualidade e quantidade das interações familiares, a má qualidade e interrupção do sono, a subestimulação intelectual e o sedentarismo.

Nem é preciso ser neurocientista para perceber que um número crescente de crianças e jovens não sabem manter uma conversa, tanto pela falta de vocabulário – recorrendo a vícios de linguagem o tempo todo – quanto pela falta de percepção do tempo –interrompendo a fala do interlocutor a todo momento. Também é clara a falta de disposição física, pelo pouco sono e sedentarismo, e a incapacidade de resolver questões simples utilizando o próprio conhecimento.

Mas não são apenas crianças e adolescentes que têm sido afetados por esse fenômeno. A falta de atenção e do uso do raciocínio têm sido generalizados e feito com que atividades comuns do dia a dia – como ir ao banco ou fazer uma compra em um estabelecimento comercial – se tornem um verdadeiro teste de paciência, onde quase tudo precisa ser repetido várias e várias vezes.

Como em tudo na vida, o bom e velho equilíbrio é a melhor opção. A tecnologia e a automação são coisas com as quais iremos conviver cada vez mais, porém, é preciso saber que nenhum recurso artificial, por mais sofisticado que seja, irá substituir a máquina mais engenhosa que existe: o cérebro humano.

Autora

Patricia Lages é autora de 5 best-sellers sobre finanças pessoais e empreendedorismo e do blog Bolsa Blindada. É palestrante internacional e comentarista do JR Dinheiro, no Jornal da Record.

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