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Análise: Crianças de hoje não são diferentes das do passado

Criança continua precisando de lar estruturado, educação vinda dos pais, exemplo e tempo. Os filhos do “politicamente correto” não são melhores

Patricia Lages|Do R7

Laís com o bolo simples que virou lição com a mãe
Laís com o bolo simples que virou lição com a mãe Laís com o bolo simples que virou lição com a mãe

Dizem que as crianças de hoje não são racistas, machistas, misóginas e nem fazem acepção de pessoas, e que tudo isso seria graças à onda do politicamente correto.

Porém, as crianças sempre foram – e continuam sendo – um espelho do que veem dentro de casa. O fato é que crianças não nascem preconceituosas, mas desenvolvem o preconceito ou não, dependendo do contexto em que vivem e das influências que recebem.

Além disso, existe uma espécie de “seleção natural” que todos nós fazemos – consciente ou inconscientemente – desde que começamos a interagir com coisas e pessoas: tendemos a querer o que julgamos ser melhor e a desprezar o que consideramos inferior. E isso não vai mudar nem melhorar, ao contrário, vai piorar ainda mais, visto que vivemos em uma sociedade onde – cada vez mais – as pessoas valem pelo que têm e não pelo que são.

Mais uma prova disso é a menina Laís, que levou um bolo simples para a festinha de fim de ano da escola, mas nenhum coleguinha quis. O bolo voltou para a casa apenas com uma fatia a menos, que foi cortada pela própria criança. Segundo as palavras da menina – que foram publicadas pela mãe, Marcya Souza em uma rede social – só quiseram “os outros (bolos) mais bonitos, recheados e decorados”.

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Mas Laís não está traumatizada e nem querendo abandonar a escola. Segundo a publicação, a menina ficou feliz quando a mãe usou o ocorrido para prepará-la para o mundo real. Marcya disse à filha que “na vida é assim mesmo, às vezes damos o melhor ou o que podemos e vai ter quem não goste. Assim será em casa, relacionamento, trabalho etc.” E, para mostrar o lado bom que sempre devemos buscar em tudo, sugeriu que elas aproveitassem a “chuvinha gostosa” e tomassem um café da tarde.

Laís tem uma mãe que não foi fazer barraco na escola, não foi tirar satisfações com a professora, nem muito menos postou a exigência de uma retratação pública por parte dos outros pais. Essa mãe simplesmente entende que a vida é – e continuará sendo – assim e que nós precisamos ser fortes. Não precisou de vitimismo, nem de mimimi e nem de “textão”. Quanto ao convite da mãe, a resposta da filha não poderia ser outra: “Eba, vamos tomar café em família!”.

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É exatamente disso que as crianças de hoje continuam precisando: família. O bolo seco, sem recheio, fica delicioso em família. A mesa sem fartura não faz tanta diferença quando se está em família. E a crueldade do mundo real não traumatiza quem tem o privilégio de poder contar com uma família, ainda que seja só a mãe. Nenhuma escola de primeiro mundo, nenhuma agenda cheia de compromissos e nenhuma tecnologia irá substituir isso.

Por mais mães repetindo as palavras de Marcya: “Como amo essa inocência de criança. Como amo ensinar e aprender com eles. Como amo ser mãe.”

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Patrícia Lages

É jornalista internacional, tendo atuado na Argentina, Inglaterra e Israel. É autora de cinco best-sellers de finanças e empreendedorismo e do blog Bolsa Blindada. Ministra cursos e palestras, tendo se apresentado no evento “Success, the only choice” na Universidade Harvard (2014). Na TV, apresenta os quadros "Economia doméstica" no programa "Mulheres" TV Gazeta e "Economia a Dois" na Escola do Amor, Record TV. No YouTube mantém o canal "Patrícia Lages - Dicas de Economia", com vídeos todas as segundas e quartas.

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