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Análise: Colocando tudo na conta do preconceito

Em nome de pseudo tolerância e falsa empatia, errado vira certo e quem discorda é acusado de preconceituoso

Patricia Lages|Do R7

Aquilo que hoje o ensino chama de inclusão, acabará por excluir quem não foi devidamente educado
Aquilo que hoje o ensino chama de inclusão, acabará por excluir quem não foi devidamente educado Aquilo que hoje o ensino chama de inclusão, acabará por excluir quem não foi devidamente educado

Preconceito é algo que sempre existiu e que, por mais que se lute contra, continuará a existir. Isso porque, se levarmos em conta o significado da palavra, veremos que, em maior ou menor grau, todos temos algum tipo de preconceito. Vejamos:

Se preconceito é “qualquer opinião ou sentimento concebido sem exame crítico”, quem pode afirmar que nunca sentiu algo negativo em relação a alguém que mal conhecia? E se preconceito é o “sentimento hostil assumido em consequência da generalização apressada de uma experiência pessoal ou imposta pelo meio”, quem pode dizer que jamais fez juízo de valor apressadamente sobre quem ou o que quer que seja?

Obviamente há aqueles que incorrem em tipos de preconceito que suscitam mais do que sentimentos, como o racismo e o preconceito religioso que culminam em ações que humilham, deprimem, diminuem, excluem e até vitimam. Porém, de uns tempos para cá, há uma certa banalização do termo, onde tudo e qualquer coisa tem sido colocada na conta do preconceito.

É o que tem acontecido, por exemplo, com o preconceito linguístico que, em nome de uma pseudo tolerância, tem normalizado a baixa qualidade do ensino no Brasil. Sob a justificativa de não “constranger” o aluno, o sistema tem aceitado erros crassos de comunicação, inclusive na escrita. O professor que chamar a atenção ou reduzir nota por causa de erros gramaticais – o que em outros tempos fazia parte de suas atribuições – hoje, corre o risco de ser taxado de preconceituoso.

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É certo que a Língua Portuguesa possui duas variedades: a padrão, que se refere ao que faz parte da Norma Gramatical Brasileira para a criação de textos formais, e a não-padrão, que se refere à maneira como as pessoas se comunicam, principalmente na fala ou em textos informais. Faz parte da nossa forma coloquial de falar a troca do “lhe” por “te”, não pronunciar todos os plurais e usar “me dá”, em vez de “dê-me”. Porém, o que tem acontecido é a imposição da variedade não-padrão, ou seja, a aceitação do errado como se fosse certo.

A questão é que, por mais que a escola aceite e promova um aluno com conhecimento abaixo da média, o mercado de trabalho não aceita quem mal sabe escrever ou falar. Aquilo que hoje o ensino chama de inclusão, acabará por excluir quem não foi devidamente educado – mesmo tendo tido acesso à escola – e ampliará ainda mais o abismo entre ricos e pobres. Chega a ser cruel a forma como nossas crianças têm sido deseducadas e, em consequência disso, o quanto o futuro lhes será difícil.

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