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Análise – Caso Arthur do Val: quanto mais justifica, mais complica

A todo custo “Mamãe Falei” tenta amenizar os estragos de suas falas desastrosas, mas situação fica cada vez pior

Patricia Lages|Do R7

Deputado Arthur do Val tenta ainda minimizar a gravidade de seus áudios
Deputado Arthur do Val tenta ainda minimizar a gravidade de seus áudios Deputado Arthur do Val tenta ainda minimizar a gravidade de seus áudios

Para quem não conhece a expressão “pior a emenda que o soneto”, os esforços do deputado estadual Arthur do Val, do Movimento Brasil Livre (MBL), para recuperar sua imagem – manchada por falas lamentáveis sobre refugiadas ucranianas – ilustram bem o significado. Quanto mais “Mamãe falei” fala, pior sua situação fica.

Ao mesmo tempo que o político diz assumir a responsabilidade por suas declarações, tenta justificar o erro enaltecendo suas boas ações e até colocando-se como vítima. A questão é que, tanto parte da ajuda humanitária divulgada em suas redes sociais, quanto uma suposta prova de ameaça de morte, foram refutadas.

O parlamentar explorou em suas redes sociais o caso de cinco jogadores brasileiros de futebol que haviam deixado a Ucrânia e estavam hospedados no apartamento de outro brasileiro, o economista João Paulo Araújo, na Eslováquia. Em entrevista ao Domingo Espetacular, do Val tentou minimizar os áudios vazados, afirmando que “suas ações falam mais do que suas palavras” e que ajudou os jogadores “a encontrarem o caminha para casa”.

Porém, em vídeo, Victor Adame, um dos atletas, desmente o deputado, afirmando que ele “não ajudou em nada” – informação corroborada por Araújo – e completa: “Ele foi no apartamento onde estávamos abrigados na Eslováquia, gravou um vídeo conosco, desligou a câmera e foi embora. Foram 20 minutos de vídeo e 10 montando os equipamentos e nada mais”.

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Ainda ao Domingo Espetacular, o parlamentar declarou que um grupo de neonazistas russos estaria oferecendo dinheiro por sua morte. A prova seria um cartaz escrito em russo com seu retrato, um código QR e uma recompensa de R$ 2 mil. Ao submeter o material ao perito em crimes digitais Adriano Vallim, a análise é de que se trata de uma montagem.

Segundo o perito, o texto não foi escrito por um nativo russo, mas sim, traduzido de outro idioma com a ajuda de um tradutor automático. Vallim também destaca o fato de o valor da recompensa estar em reais – e não em moeda da Rússia ou da Ucrânia – e que quem produziu o cartaz errou ao utilizar um código QR que dá acesso ao Disque Denúncia do Rio de Janeiro. Ou seja, não se sabe o que é mais confuso: um grupo de neonazistas russos não saber escrever no próprio idioma, usar um contato do Rio de Janeiro para comunicar a morte de um deputado de São Paulo ou oferecer recompensa em uma moeda sem valor algum em toda a Europa.

Arthur do Val permaneceu na Ucrânia por menos de 24 horas e, talvez, tenha pensado que levaria o mesmo tempo para amenizar os efeitos catastróficos de suas falas desastrosas. Mas enquanto continuar ignorando quem verdadeiramente é, tentando vender a ideia de que não é e que não pensa como “a pessoa do áudio”, toda e qualquer emenda só deixará o soneto ainda pior. Com suas justificativas, Mamãe Falei demonstra que seu arrependimento é apenas por ter sido exposto e não pelo que fez. Tentar minimizar um erro dessa gravidade chega perto de ser pior do que o erro em si.

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