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Análise: Carência - porta aberta para todo tipo de perigo

Golpes, relacionamentos abusivos, violência, comportamentos autodestrutivos. A carência é uma brecha para péssimas experiências

Patricia Lages|Do R7

A carência é um sentimento insaciável que requer atenção em um grau impossível
A carência é um sentimento insaciável que requer atenção em um grau impossível A carência é um sentimento insaciável que requer atenção em um grau impossível

Nenhum relacionamento abusivo sobrevive sem que uma das partes tenha uma dose acentuada de carência. Esse excesso de necessidade afetiva faz com que a pessoa carente permita que o outro faça dela o que quiser.

A carência é um sentimento insaciável que requer atenção em um grau impossível de ser atendido. Para o carente, não é suficiente estar ao lado de quem ama, ele quer muito mais, ele sufoca, ele quer penetrar até mesmo os pensamentos. E, para piorar, a carência nunca se apresenta sozinha, mas vem sempre acompanhada da insegurança.

Essa dupla explosiva faz com que o carente imagine coisas, crie acontecimentos e invente situações que jamais existiram. As histórias, que só existem em sua cabeça, são tão elaboradas que parece impossível que aquilo tudo não seja real. Suas fantasias cheias de detalhes fazem tanto sentido que é comum tomar atitudes baseadas em coisas não existem.

É comum que essa espiral perigosa leve a pessoa a se tornar cada vez mais atraída por quem menos lhe quer bem. A carência é um tipo de masoquismo emocional que leva a pessoa não só a permitir que o outro a maltrate, como também derruba sua autoestima e dá origem a comportamentos autodestrutivos.

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Outra vertente da carência é o excesso de “generosidade”, onde a pessoa se submete a fazer todas as vontades dos outros ainda que não tenha condições financeiras para isso. Não é difícil ouvir histórias, principalmente de mulheres, que passam a “patrocinar” o parceiro sem perceber que estão sendo vítimas de violência patrimonial.

Quantos não são os casos em que golpistas profissionais se aproveitam da carência e da insegurança para ganhar a confiança de suas vítimas e fazê-las se afastarem da família e dos amigos, a passarem bens para o seu nome e até contratar empréstimos para atender todos os seus desejos. A carência cega e emburrece, como um entorpecente. É difícil de acordar dessa apatia e, geralmente, só quando a pessoa perde tudo é que consegue perceber o labirinto em que se meteu. Em seguida vem tamanha vergonha que pode levar até à depressão.

Há quem diga que a carência já tomou o posto da depressão e da ansiedade como mal do século. Se analisarmos cuidadosamente, veremos que tudo faz parte do mesmo pacote: car6encia, insegurança, ansiedade, depressão. Se uma pessoa carente atrai para si todo tipo de perigo, o que dizer de uma sociedade carente, com baixa autoestima e que baseia suas ações sobre coisas e situações imaginárias? Não é à toa que estamos vivendo tempos sombrios.

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