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Análise: brasileiros acreditam que internet é segura para crianças

Pesquisa desenvolvida por empresa de cibersegurança aponta que mais da metade dos pais acreditam que a internet não representa perigo a seus filhos

Patricia Lages|Do R7

Muitos brasileiros acreditam que a internet não oferece perigo a seus filhos
Muitos brasileiros acreditam que a internet não oferece perigo a seus filhos Muitos brasileiros acreditam que a internet não oferece perigo a seus filhos

Um estudo desenvolvido na América Latina pela Kaspersky, empresa russa de segurança na internet, mostrou que 55% dos pais brasileiros não acreditam que a internet, em nenhum caso, represente qualquer tipo de ameaça aos filhos.

Ao contrário dos pais de países vizinhos – que acreditam que monitorar as atividades dos filhos pode ser antiético por ferir sua privacidade – 97% dos brasileiros consideram a prática totalmente aceitável. Apesar disso, a pesquisa mostra que cerca de 18% dos pais no Brasil não monitoram as atividades dos filhos por dois principais motivos: falta de tempo e de conhecimento sobre tecnologia.

Porém, ainda que os pais estejam confortáveis com o uso da internet por menores de 18 anos, o cyberbulling e o roubo de dados não são incomuns e podem acontecer por meio de aplicativos de mensagens ou conversas em redes sociais. Em vários casos nem é necessário invadir computadores ou dispositivos, pois os aliciadores conseguem convencer crianças e adolescentes a passar informações sobre si mesmos e sobre a família, o que pode comprometer a segurança de todos.

As próprias postagens dos filhos com marcações de localização, vestindo uniformes escolares ou mostrando os arredores e interior das residências já fornecem informações suficientes para os criminosos traçarem o perfil e a dinâmica familiar. E é, muitas vezes, por meio da internet que os menores têm acesso a práticas nocivas como o cutting (automutilação) e a todo tipo de desafio, como ingerir colheradas de canela sem beber água ou o desafio da rasteira, promovido principalmente no Tiktok.

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Mas, para além das questões de segurança, estão os problemas no desenvolvimento, principalmente em relação às crianças pequenas. Segundo Valdemar Setzer, professor do Departamento de Ciência da Computação do Instituto de Matemática e Estatística da Universidade de São Paulo (IME-USP), há outros dois grandes perigos na internet para a formação das crianças e dos adolescentes: dependência e excesso de liberdade.

Estimativas apontam que de 10 a 20% dos menores de idade desenvolvem o vício pela internet, o que é superior ao índice de dependência química, por exemplo, que ocorre em menos de 1% da população global de adultos, de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU). Para Setzer, nenhuma criança ou adolescente deve ter liberdade total em coisa alguma e, no caso da internet sem o monitoramento de pais ou responsáveis, podem facilmente acessar conteúdos impróprios para a idade como violência e pornografia.

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O que chama a atenção é que, em pleno 2020 e com a quantidade de informações disponíveis, a maioria dos pais brasileiros não vejam o uso indiscriminado da internet como um perigo aos próprios filhos. E a pergunta que fica é: diante de toda violência que vemos diariamente, o que mais falta acontecer para que os adultos percebam que são responsáveis pelas pessoas que decidiram trazer ao mundo?

Autora

Patricia Lages é autora de 5 best-sellers sobre finanças pessoais e empreendedorismo e do blog Bolsa Blindada. É palestrante internacional e comentarista do JR Dinheiro, no Jornal da Record.

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