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Análise: Brasil tem analfabetos funcionais em leitura, matemática e finanças

Pessoas saem da escola incapazes de interpretar textos, fazer operações matemáticas e sem saber como administrar o dinheiro

Patricia Lages|Do R7

Sala de aula
Sala de aula Sala de aula

Antes de mais nada é preciso dizer que o problema da educação pública brasileira não é falta de dinheiro, muito pelo contrário. Conforme aponta um estudo realizado pela OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), em 2019, o Brasil investe 5,6% do seu PIB (Produto Interno Bruto) em educação, uma porcentagem superior à média de 4,4% dos demais países-membros da organização.

O percentual investido na educação brasileira só fica atrás do aplicado na Suécia, Bélgica, Islândia, Finlândia e Noruega. Por outro lado, quando o assunto é salário, os professores brasileiros têm uma das menores remunerações entre os 39 países analisados.

Se o Brasil gasta muito e os professores recebem pouco, podemos dizer que os alunos recebem menos ainda. Os resultados do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa, na sigla em inglês) mostram que os estudantes brasileiros estão entre os últimos colocados em matemática, leitura e ciências.

Em matemática, mais de 68% dos alunos brasileiros não possuem nem mesmo o nível básico. Em leitura, metade não atingiu o mínimo esperado e, em ciências, nenhum estudante alcançou proficiência. Você não leu errado: nenhum brasileiro avaliado alcançou proficiência em ciências.

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Fica difícil acreditar que a situação vai melhorar, pois mais de 80% dos alunos brasileiros frequentam escolas públicas, nas quais, em vários estados, vigora o sistema de aprovação automática. Ou seja, independentemente do desempenho, nenhum estudante é reprovado.

Diante disso, como uma pessoa que lê, mas não entende, e que tem uma calculadora no celular, mas não sabe que conta fazer, administra o seu dinheiro? Não é à toa que o Brasil vem batendo recordes de endividamento e inadimplência ano após ano. São milhões de pessoas que assinam contratos de empréstimos e financiamentos sem terem a menor ideia dos juros que estão assumindo e do impacto negativo que isso trará ao orçamento dos próximos anos.

Essa estatística desastrosa é fruto de décadas de descaso com a educação pública, em que governos mal-intencionados implantaram a política do “emburrecimento” para facilitar seu plano de poder. Enquanto tivermos um Estado que centraliza e regulamenta o ensino — decidindo o que será e o que não será ensinado — e que incentiva a militância em detrimento da educação, não há como ter esperança de melhora. Mais uma vez é preciso lembrar que tudo o que o Estado “dá de graça” custa muito caro.

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