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Análise: Brasil precisa perder o título de país da malandragem

Redes sociais e até programas de televisão exibem pessoas se vangloriando por passar a perna nos outros

Patricia Lages|Do R7

Influencer usou as redes para contar como enganou o entregador
Influencer usou as redes para contar como enganou o entregador Influencer usou as redes para contar como enganou o entregador

Recentemente a influenciadora digital Laysla Trindade, com mais de 10 mil seguidores em sua conta do Instagram, postou em seus “stories” como enganou um entregador ao pagar um pedido de sanduíches com uma nota falsa.

Moradora de Praia Grande, litoral de São Paulo, a influenciadora contou que o engodo já começou desde o momento em que o pedido foi feito. Como a intenção era trapacear na hora de pagar, ela deu o endereço da esquina da rua onde mora para não correr o risco de ser cobrada mais tarde, caso alguém percebesse a fraude.

Depois de enganar o entregador, Laysla disse, rindo: “A gente pediu o lanche, que deu R$ 94, sobrou R$ 5. E deu certo! A nota falsa e tudo isso de lanche. Nem aguentamos comer tudo!”

Além de assaltar a Língua Portuguesa e violentar a matemática, segundo o artigo 289 do Código Penal, Laysla cometeu crime de moeda falsa, que condena colocar em circulação, adquirir ou guardar nota falsa. A pena pode ir de três a 12 anos de prisão, além de multa.

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Em novelas, filmes e outras produções brasileiras, também é comum ver pessoas se vangloriando por passar a perna em outras e, muitas vezes, achando graça e sendo parabenizadas por isso.

Lembro-me particularmente de ter ficado feliz quando soube, anos atrás, que haveria uma versão brasileira similar aos programas americanos “Trato Feito” e “Caçadores de relíquias”, dois “reality shows” onde os apresentadores avaliam, compram e vendem antiguidades. Era interessante conhecer a história por trás de cada peça e ver como os compradores levavam a sério cada avaliação. Eles chegavam, inclusive, a alertar clientes que desconheciam o real valor das peças e a oferecerem, voluntariamente, mais dinheiro do que pediam.

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Porém, ao assistir alguns episódios da versão brasileira, a decepção e a vergonha foram inevitáveis. Em um deles os apresentadores enganam um comprador ao vender um boneco cuja origem não era a que afirmavam ser e, em outro, um cliente é trapaceado ao adquirir um fliperama. Detalhe: o programa foi beneficiado pela Lei do Audiovisual, semelhante à Lei Rouanet, recebendo recursos dedutíveis do Imposto de Renda.

Para que o Brasil deixe de ser o país da malandragem não falta apenas honestidade, integridade e responsabilidade. Falta também uma boa dose de vergonha na cara.

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