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Análise: A ridicularização da verdade e do bom comportamento

Quem age corretamente é chamado de bobo, quem não mente é considerado louco e o que assume seus erros é visto como estúpido. Por quê?

Patricia Lages|

Verdade nas redes sociais muitas vezes é apenas teoria vazia
Verdade nas redes sociais muitas vezes é apenas teoria vazia Verdade nas redes sociais muitas vezes é apenas teoria vazia

As redes sociais estão repletas de postagens que exaltam a verdade e aconselham o bom comportamento. Geralmente são publicações cheias de curtidas e compartilhamentos, que fazem com que as pessoas que postaram e repostaram tenham uma imagem positiva. Mas, como dizem, na prática, a teoria é outra.

Experimente dizer a verdade, aquela que é tão exaltada nas frases de efeito que aparecem aos montes quando você rola a tela do seu feed, e você será amplamente ridicularizado. Seja justo em suas decisões e você será visto como um carrasco. Assuma seus erros e será taxado de trouxa. Esse é o mundo real e sem filtro.

Talvez a maior dificuldade em fazer o que é certo seja o desejo de ser recompensado, mas se deparar com a falta de reconhecimento. Aqui vai um exemplo bem simples: um ladrão, quando sai para roubar, não espera receber o troféu de larápio do ano, ele apenas foca no objetivo de se apropriar do que não é seu e coloca toda a força. O marginal considera que tudo pode dar errado, por isso age com cautela, sabe que a vítima pode reagir, por isso leva uma arma, e não esquece que a polícia pode prendê-lo, por isso, traça um plano de fuga. Ele sabe, inclusive, que pode perder a vida, mas nada o impede de cumprir seu objetivo. Ele simplesmente cumpre o seu papel, sabendo que tudo está contra ele.

Já aquele que pretende fazer o bem, espera recompensa imediata. Ele fala a verdade e, ao ser penalizado por isso, desanima e passa a achar que valeria mais a pena ter mentido. Ele ajuda alguém que, mais tarde, o apunhala pelas costas e se arrepende de não ter deixado a pessoa sofrer sozinha. Ele se porta honestamente, mas ao ver que as pessoas que enganam, manipulam e agem com falsidade aparentemente se dão bem, desiste e abandona a ideia de fazer o que é certo.

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Enquanto o ladrão que não tem êxito na primeira tentativa trata de se preparar para ter sucesso nas próximas, quem faz o bem, mas não é recompensado logo de cara, reclama, se sente a pessoa mais injustiçada do mundo e logo abre mão de seus princípios. Além disso, faz questão de deixar claro para o maior número de pessoas o quanto a justiça não vale a pena.

O que não podemos jamais esquecer é que vivemos em uma sociedade hipócrita, que prega o bem, mas pratica o mal, que fala sobre a verdade, mas vive na mentira, que diz odiar a falsidade, mas não suporta a autenticidade. Fazer o bem, dizer a verdade e viver honestamente é andar na contramão, o que obviamente vai gerar atrito, incompreensão e resistência. Esperar pelo contrário e querer ser recompensado pelas pessoas é a fórmula perfeita para que o mal vença. É preciso fazer o que é certo simplesmente porque é o certo a se fazer.

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Autora

Patricia Lages é autora de 5 best-sellers sobre finanças pessoais e empreendedorismo e do blog Bolsa Blindada. É palestrante internacional e comentarista do JR Dinheiro, no Jornal da Record.

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