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Análise: A morte do jornalismo e a era da publicidade

"Jornalismo é publicar exatamente o que alguém não quer se publique. Todo o resto é publicidade"

Patricia Lages|Do R7

A frase acima é atribuída por alguns a George Orwell, por outros a William Randolph Hearst e pela maioria como de autoria desconhecida. Mas o que de fato importa é que ela está mais atual do que nunca: o jornalismo virou pura publicidade.

Está cada vez mais comum vermos diversos jornais, sites e portais de notícias publicando exatamente a mesma manchete, sem nenhuma variação. O artigo “Do discurso da ditadura à ditadura do discurso”, de Bernardo Kucinski, traz as seguintes afirmações:

Grandes redações mantêm seus funcionários apenas retransmitindo informações
Grandes redações mantêm seus funcionários apenas retransmitindo informações Grandes redações mantêm seus funcionários apenas retransmitindo informações

“Nunca houve tanta falta de pluralismo na mídia brasileira como nos tempos atuais de hegemonia do neoliberalismo (...) Os jornais de referência nacional se tornaram tão parecidos que é comum confundir um com o outro nas bancas de revistas. Trazem as mesmas manchetes, as mesmas fotos dispostas da mesma forma, e os mesmos nomes de colunistas.”

Em 2021, por exemplo, Folha de São Paulo, Terra, G1, UOL e BBC News publicaram, na mesma data (15/06), exatamente a mesma notícia: “Insetos: o alimento supernutritivo desprezado pelo mundo ocidental”.

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Não se trata de coincidência, sincronicidade ou qualquer casualidade do destino. Trata-se de que quase não há mais jornalismo profissional, mas sim, um consórcio de publicidade que bebe da mesma fonte e difunde o que lhe é determinado.

Grandes redações – onde o leitor imagina que os jornalistas estejam apurando os fatos, investigando, entrevistando pessoas ou nas ruas, lado a lado com a notícia – mantêm seus funcionários sentados diante de computadores apenas retransmitindo informações. Que boa parte da imprensa passou a atuar como uma grande caixa de ressonância é público e notório.

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E quando diversos meios de comunicação dizem exatamente a mesma coisa, quem discorda, critica ou questiona é negacionista, propagador de fake news, anticiência, tumultuador, alienado etc.

A realidade dos fatos deixou de existir para dar lugar à “verdade de cada um”, e tudo isso com a anuência de quem tem a obrigação de fazer exatamente o contrário. É preciso, mais do que nunca, que cada um de nós tenhamos espírito cético e sejamos críticos e questionadores, pois a imprensa não fará isso por ninguém.

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