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Análise: A era da supervalorização da autoestima

Um dos assuntos em alta é que devemos fazer o que for preciso para manter a nossa autoestima elevada todo o tempo. Mas... por que mesmo?

Patricia Lages|Do R7

Treze anos atrás uma amiga havia preparado as paredes do corredor de seu apartamento para fazer um painel de fotos da filha que, na época, tinha três anos de idade. A ideia veio do fato de a menina ser linda desde o nascimento. Não era uma bebê de beleza comum, mas sim, uma daquelas crianças que as pessoas param na rua para admirar e tirar fotos.

Passadas algumas semanas, perguntei sobre o projeto e ela me respondeu com uma pergunta curiosa: “Você acha que eu seria uma mãe estranha se dissesse que não vou mais fazer o painel?” Respondi que não, pois já imaginava o motivo. E acertei.

Autoestima tem sido confundida com autoconfiança
Autoestima tem sido confundida com autoconfiança Autoestima tem sido confundida com autoconfiança

A mãe não queria que a filha se achasse melhor do que os outros, pois já era difícil explicar tantos elogios toda vez que saíam de casa, que começavam desde o elevador do prédio e seguiam com as inúmeras abordagens na rua, no shopping, no supermercado. “Seria incentivar autoestima demais”, disse a mãe que, na minha análise, estava certíssima.

Isso porque, considerando a definição de estima como admiração por alguém, autoestima é a admiração de si mesmo e, isso sim, é algo muito estranho.... É claro que devemos nos valorizar no sentido de cuidarmos bem de nós mesmos, mas a autoestima admiração de si próprio, no fundo, não passa de presunção.

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Em contrapartida, uma criança que cresce sendo tratada pelos pais como um príncipe ou princesa, ouvindo que merece o mundo inteiro simplesmente porque é um ser especial, provavelmente terá grandes decepções na vida. O mundo não vai dar o mesmo tratamento e nem dizer as mesmas coisas. Não somos todos especiais, caso contrário, a própria palavra perderia o sentido.

A questão é que autoestima tem sido confundida com autoconfiança e, esta última sim, é necessária para fazermos a diferença. Ver alguém presunçoso na minha época de sexta série nos fazia cantar em coro uma música que o Ultraje a Rigor havia acabado de lançar, nos idos de 1984. Aliás, vale recordar um trecho de “Eu me amo” para não esquecermos o quanto essa onda de supervalorização da autoestima pode ser bem esquisita...

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“Há tanto tempo eu vinha me procurando

Quanto tempo faz, já nem lembro mais

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Sempre correndo atrás de mim feito um louco

Tentando sair desse meu sufoco

Eu era tudo que eu podia querer

Era tão simples e eu custei pra aprender

Daqui pra frente nova vida eu terei

Sempre a meu lado bem feliz eu serei

Eu me amo, eu me amo

Não posso mais viver sem mim...”

Patricia Lages

É jornalista internacional, tendo atuado na Argentina, Inglaterra e Israel. É autora de cinco best-sellers de finanças e empreendedorismo e do blog Bolsa Blindada. Ministra cursos e palestras, tendo se apresentado no evento “Success, the only choice” na Universidade Harvard (2014). Na TV, apresenta o quadro "Economia a Dois" na Escola do Amor, Record TV. No YouTube mantém o canal "Patrícia Lages - Dicas de Economia", com vídeos todas as terças e quintas.

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