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É hora de ajudar quem cozinha pra você e quem não tem o que comer

Cozinheiros, empresas de alimentos e donos de restaurantes se unem para entregar marmitas à população vulnerável e manter o pagamento de funcionários, com a ajuda de doações

É de comer|Do R7

Chefs de cozinha, empresas e produtores distribuem marmitas à população carente
Chefs de cozinha, empresas e produtores distribuem marmitas à população carente Chefs de cozinha, empresas e produtores distribuem marmitas à população carente

Pense num círculo. Produtores com alimentos estragando, restaurantes de portas fechadas, funcionários sem salário e gente passando fome. E você aí, em casa, só esperando a quarentena passar. Não faz sentido. E muita gente percebeu isso. Quem trabalha com comida odeia ver desperdício e odeia ainda mais ver gente sem ter o que comer - são 13,8 milhões de brasileiros nessa situação, segundo estimativa do IBGE.

No cenário da crise, abro espaço aqui pra falar das ideias solidárias que estão ajudando milhares de pessoas todos os dias. Uma delas, que ganhou o nome de Cozinha de Combate, veio da união de quatro restaurantes paulistanos: Isla Café, Corrutela, Cais e Pitico. Izadora Ribeiro é chef-proprietária do Isla, que funciona em Pinheiros, zona oeste de São Paulo. Foi ela quem desenvolveu o projeto. "A primeira fase começou com o nosso restaurante. Vimos a situação da pandemia e pensamos: é isso vamos pra guerra, vamos pro combate. A gente já tinha o contato de instituições de caridade que a gente colaborava. Começamos levando insumos de cesta básica , fogão, equipamentos de cozinha, até álcool em gel. Aí a demanda começou a crescer demais. Era muita gente precisando de alimento. Foi quando a gente buscou parceiros que têm mesma fisolofia que nós - trabalhar com vegetais, pequenos produtores e comida orgânica", diz Izadora Ribeiro em entrevista a esse blog,hoje.

São três mil marmitas distribuídas semanalmente em comunidades carentes como Paraisópolis, Ocupação Mauá e para moradores de rua no centro de São Paulo. Eles também alimentam os 60 sepultadores do cemitério da Vila Formosa, um dos maiores da capital paulista, lotado de enterros por conta da covid19, nesse momento. A rede solidária funciona com um gesto de quem está em casa. É só doar qualquer quantia. A partir de R$20 (ou mais, se você puder e quiser) eles conseguem preparar uma marmita. Com o dinheiro, os donos desses restaurantes conseguem pagar 25% dos salários dos funcionários, movimentar a produção de 15 pequenos agricultores e fazer caridade. "Cada restaurante produz as marmitas na sua cozinha. Contratamos 2 motoristas que estavam parados, para fazer a distribuição. A empresa de móveis para festa, Dona Filipa, emprestou um caminhãozinho e a Volvo cedeu um carro híbrido. Os motoristas recolhem as marmitas e levam para os centros de distribuição", conta Izadora.

A ajuda de pessoas solidárias consegue manter a roda girando, tanto do lado de quem tem um estabelecimento, quanto do lado de quem precisa se alimentar e está com a despensa vazia. E não pense que a marmita que esses quatro chefs de cozinha entregam é o "pf clássico". Eles pensam nos detalhes, no sabor. A refeição distribuída ontem, por exemplo, tinha polenta com fubá orgânico, carne de panela, grão de bico com cúrcuma, farofa com talo de brócolis e salada de chuchu. "São pratos bem quentes. A gente sempre toma cuidado para picar bem a carne porque para os moradores de rua é difícil de comer. A carne tem que ser mole. O arroz enriquecido com gengibre, tomate, cenoura", revela Izadora. Perguntei à chef como ela enfrenta, do ponto de vista pessoal, essa experiência. "Foi um desafio no incício. Pensei: vou fechar meu restaurante completamente e onde eu vou conseguir colocar minha identidade na comida? No dia seguinte ao início do projeto, foi absurdo! Eu já estava pulando na cozinha, por estar conseguindo fazer algo tão bacana. Essa preocupação com o alimento que tínhamos ao servir os nossos clientes, a gente tem também com essas pessoas, fortalece a dignidade delas. Eu fico muito feliz de estar colocando amor na comida. É aquele cuidado com o sal, um fio de azeite cru no fim do preprado do alimento. Isso traz um calor muito importante pra essas pessoas. Assim, elas podem ter uma memória afetiva da comida de que comeram no dia anterior e se sentem felizes, sabe? Como quando a gente se lembra da comida da vó e fica contente? Elas estão precisando de um carinho na alma nesse mundo tão cruel", finaliza.

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Outros cozinheiros também se mobilizaram em projetos parecidos. A chef Morena Leite também lançou o Capim Solidário, para distribuir mil marmitas diárias em comunidades, com a ajuda de doações. Ela usa a infraestrutura da cozinha industrial do restaurante Capim Santo e tem o apoio de produtores rurais e da startup Liv Up. A foodtech que decidiu doar uma tonelada de alimentos semanalmente para essa empreitada. Também encaminha as doações para outra iniciativa interessante: a Cozinhas Solidárias. Quem está à frente dela é a Gastromotiva, entidade que montou um banco de alimentos, no bairro da Lapa, no Rio de Janeiro. A instituição já trabalhava desde 2006 com projetos de inclusão social dentro da gastronomia, visando as direções de deselvolvimento sustentável da ONU. Além do banco de alimentos, os organizadores conseguiram também mobilizar oito cozinhas voluntárias no Rio, Curitba e São Paulo, para o preparo de refeições. Segundo a ONG, objetivo é chegar à distribuição mensal de 80.000 marmitas durante a crise do coronavírus.

Outra ideia bacana partiu da startup Eats For You - que originalmente conectava chefs de cozinha autônomos a clientes que recebiam delivery de comida, enquanto trabalhavam nos escritórios paulistas. Com o isolamento, esses cozinheiros viram a renda desabar. Surgiu então a campanha "Faça o Bem": quem está em casa compra uma marmita no valor de R$13,49. Mas quem pagou não vai receber a quentinha e sim garantir o almoço de uma pessoa que não tem o que comer nessa pandemia. O cozinheiro faz o prato, recebe por ele, a startup distribui o alimento em comunidades carentes e voilà: é a mágica da multiplicação dos pães entrando em cena. A gigante Unilever engrossou o caldo desse feijão recentemente e decidiu que cada doação feita pela Eats For You será dobrada pela multinacional. 

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Pensa bem....essas empresas e restaurantes só pedem uma coisa: que você aí em casa seja solidário, doe um pouquinho entre R$13 e R$20 e ajude quem trabalha com gastronomia a manter empregos e salvar vidas. Não é pedir demais. Se você se comoveu com essas ações, como eu, ajude. Vou deixar aqui em baixo algumas coordenadas de como doar para esses projetos. Se tiver sugestões de pautas, ideias, ações solidárias, me siga e fale comigo lá no meu insta, o @ehdecomer.

Como doar

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Cozinha de combate: https://abacashi.com/p/cozinha_de_combate

Capim Solidário: Doe qualquer quantia na conta abaixo

Bradesco Agência: 0895C/C: 1500-8 CNPJ: 07.338.081/0001-83 Capim Restaurante e Eventos Ltda Informações (011) 98160-9911

Cozinhas Solidárias: https://gastromotiva.org/faca-uma-doacao/cozinhasolidaria300/

ou Doe ao banco de alimentos:

Doações de alimentos devem ser encaminhadas para o Refettorio Gastromotiva (Rua da Lapa, 108 - Lapa RJ), para o Restaurante Aconchego Carioca (Rua Barão de Iguatemi, 245 - Praça da Bandeira RJ), ou ainda para as lojas TT Burguer através de sistema drive thru, onde a doação pode ser entregue de carro na porta da loja.

Faça o Bem: https://www.eatsforyou.com.br/faca-o-bem

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