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Mundo do futebol se cala diante da condenação de jogador iraniano

Atleta é condenado à morte por enforcamento por ter participado de protestos pelos direitos das mulheres no Irã, mas Copa do Catar ignora

Patricia Lages|Do R7

Amir Reza Nasr-Azadani, jogador iraniano de 26 anos, foi condenado à morte
Amir Reza Nasr-Azadani, jogador iraniano de 26 anos, foi condenado à morte Amir Reza Nasr-Azadani, jogador iraniano de 26 anos, foi condenado à morte

Após a morte de Mahsa Amini, de 22 anos, em meados de setembro, uma onda de protestos se espalhou pelo Irã. Amini era uma jovem curda iraniana e foi presa pela Patrulha de Orientação do Irã, uma espécie de “polícia da moralidade”, porque não estava com os cabelos totalmente cobertos.

Três dias depois de ser levada para um dos centros de reeducação espalhados pelo país, Amini estava morta. Embora o governo não tenha assumido a responsabilidade pela morte, uma onda de protestos começou a surgir nas ruas de Teerã. Em apoio às reivindicações pelos direitos das mulheres, o jogador de futebol Amir Reza Nasr-Azadani, de 26 anos, participou dos protestos, motivo pelo qual foi preso e condenado à morte.

Apesar de estarmos às vésperas da final da Copa do Mundo e Nasr-Azadani ser jogador profissional, os organizadores do Catar, a Fifa ou qualquer outra entidade representativa não parecem estar preocupados com o risco iminente de o atleta perder a vida por um motivo como esse em pleno século 21.

Nenhuma seleção aproveitou a visibilidade que o campeonato oferece para protestar ou, no mínimo, fazer qualquer menção ao que está acontecendo. Assim como o mundo ignorou que até ontem o Irã fazia parte da Comissão de Direitos da Mulher da Organização das Nações Unidas (ONU), a situação de Nasr-Azadani também está sendo ignorada.

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É preciso refletir que até poucas horas atrás um país como o Irã tinha uma cadeira em uma comissão da qual jamais deveria ter participação alguma, por motivos óbvios. Não fossem os protestos pela morte de Mahsa Amini, e que causaram a condenação à morte do jogador, provavelmente o país não teria sido removido.

Quantas mortes sem sentido ainda terão de acontecer até que o mundo decida assegurar os Direitos Humanos de fato e de verdade? Até quando viveremos em uma sociedade hipócrita que diz defender as pessoas, mas se limita a atitudes ridículas como proibir palavras e criminalizar opiniões, mas que se cala diante de uma barbárie como essa.

Ganhe a Argentina ou ganhe a França, nenhum dos dois países ficará mais rico, mais justo ou mais inclusivo. A verdade é que nenhum benefício real chegará à população de qualquer parte do planeta por conta do mundial. Mas, se os organizadores da Copa do Catar e a Fifa não se pronunciarem a respeito da condenação de Nasr-Azadani, o mundo inteiro vai perder.

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