Logo R7.com
Logo do PlayPlus
Publicidade

Médico questiona paciente sobre HIV e é acusado de homofobia

Paciente com suspeita de varíola dos macacos afirma ter sido tratado de forma preconceituosa e médico é afastado, sem remuneração

Patricia Lages|Do R7

Pergunta sobre doença motivou denúncia
Pergunta sobre doença motivou denúncia Pergunta sobre doença motivou denúncia

Matheus Góis, de 23 anos, suspeitava estar com Covid-19 até que percebeu o aparecimento de bolhas em sua pele. Por causa disso, ele foi até a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Santa Luzita, em Santo André (SP), onde passou por uma consulta.

Segundo relatos do paciente, a médica que o atendeu pensou se tratar de sífilis e pediu exames, que deram negativo. A suspeita, então, passou a ser de varíola do macaco e Góis ficou em isolamento. As bolhas em seu corpo foram fotografadas e ele foi encaminhado para a UPA Central, também em Santo André, onde foi atendido pelo médico que teria sido homofóbico.

“Fui atendido por um médico que me tratou com um desdém total, como se eu fosse um leproso e negligente. Eu disse que tinha ido ao Centro de Especialidade, e ele me indagou sobre a minha sorologia. Disse que era negativo”, afirmou Góis. O paciente se incomodou quando o médico tornou a perguntar se ele não era HIV positivo e também porque teria dito: “Se você estava lá era por alguma doença. Você tem doença?”.

Góis também não gostou da recepção do médico. "Assim que entrei na sala, ele me olhou dos pés à cabeça e obviamente viu que eu era gay. Depois, ele só olhou para mim na hora que perguntou se eu tinha doença. Foi bem rude", contou o paciente. Depois da anamnese, o médico pediu que Góis acompanhasse uma enfermeira e o diagnóstico de varíola do macaco foi confirmado. Porém, para o paciente, o médico “não finalizou o atendimento.”

Publicidade

Para analisar os fatos objetivamente, é preciso mencionar que o Centro de Especialidade citado por Góis – onde ele informou fazer acompanhamento de prevenção ao HIV – trata de ISTs (Infecções Sexualmente Transmissíveis). Logo, não parece inadequado que o médico tenha questionado e até insistido sobre sua sorologia. Além disso, o paciente recebeu o diagnóstico que buscava.

Por outro lado, o relato de Góis é repleto de subjetividades e sentimentos, sem nada de concreto e sem nenhuma testemunha que confirme as acusações. Porém, isso foi o suficiente para que a Secretaria de Saúde de Santo André afastasse o médico de suas funções, sem direito a remuneração, até que a investigação seja finalizada.

Publicidade

Ao saber de seu diagnóstico, o paciente acusou a própria OMS (Organização Mundial de Saúde). Para ele, a entidade é homofóbica por ter informado que a maior parte dos infectados pela varíola do macaco são bissexuais e homossexuais. “O debate é que estamos retrocedendo de novo. Parece que mais uma vez Deus vai castigar a comunidade. Esses profissionais que estão propagando atitudes como a desse médico reforçam que a declaração da OMS é homofóbica”, afirmou Góis.

Esse acontecimento mostra que hoje em dia é possível que determinados grupos de pessoas acusem quaisquer outras, sem provas, apenas deduzindo o que se passa em seus pensamentos ou pela forma que olham. Se a atitude da Secretaria de Saúde de Santo André se repetir em outros casos, além de todas as dificuldades que os profissionais de saúde já enfrentam, terão de lidar também com a insegurança de serem afastados de suas funções por estarem apenas fazendo o seu trabalho.

Últimas

Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com oAviso de Privacidade.