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Escravidão moderna: é preciso quebrar esse ciclo

Todos os anos a mesma má gestão financeira se repete: fins de ano cheios de desperdícios sucedidos por inícios de ano de escassez. É preciso quebrar esse ciclo.

Patricia Lages|Do R7

Se há uma coisa que nós brasileiros precisamos entender é que tudo o que queremos ser ou fazer começa dentro da nossa casa. É muito comum ouvirmos pessoas dando palpites sobre como os políticos devem governar este país imenso, mas estas mesmas pessoas não conseguem gerenciar nem sequer a sua própria casa.

Em breve começará a época de chuvas em várias regiões brasileiras e, em muitas delas, acontecerão mais uma vez as já tradicionais enchentes. Com as inundações também virão enxurradas de reclamações – não sem razão, claro – por termos de enfrentar mais um ano com os mesmos problemas de sempre. E nossos gestores provavelmente darão as mesmas desculpas de sempre, tratando a chuva de todos os anos como algo inédito.

Enxurrada de gastos sem separar reservas para o futuro
Enxurrada de gastos sem separar reservas para o futuro Enxurrada de gastos sem separar reservas para o futuro

Mas, pense: isso não é bem semelhante ao que acontece todos os anos no bolso do brasileiro? Por mais que todo mundo saiba que janeiro é mês de IPTU, IPVA, material escolar e que o comércio precisa de tempo para retomar o ritmo, não são poucos os que se dão ao luxo de promover uma enxurrada de gastos no fim do ano, sem pensar em separar uma reserva para as despesas futuras. O resultado não tem como ser outro: mais um ano de endividamento pagando juros sobre juros.

Os juros compostos são, sem sombra de dúvida, a escravidão do mundo moderno. Séculos atrás, os escravos eram forçados a trabalhar, servindo aos seus senhores 24 horas por dia, com medo dos açoites, vivendo presos por correntes que não lhes permitiam dar um passo além. Um triste retrato que não é muito diferente do que acontece hoje.

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Afinal de contas, quantas são as pessoas que se veem forçadas a trabalhar no que não gostam, pensando 24 horas por dia em como pagar as contas, com medo da demissão ou da falência, vivendo presos pelos juros compostos das dívidas que não lhes permitem dar um passo além.

Hoje, porém, as pessoas não são escravizadas por terceiros, pois, sem perceber, escravizam a si mesmas quando usam irresponsavelmente seus recursos, vivendo como se não houvesse amanhã. Digo isso porque raramente o endividamento se dá pela aquisição de algum patrimônio real, pelos estudos ou por algo que possa trazer crescimento. O que tem endividado as famílias Brasil afora é a má gestão financeira como um todo. É gastar mais do que a renda permite comprando coisas que têm apenas preço, mas nenhum valor.

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É preciso quebrar esse ciclo e deixarmos de ser o país do improviso, onde tudo o que é importante é remediado às pressas, na última hora e a um custo absurdo. Precisamos ser uma nação que pensa, planeja e age com equilíbrio e devemos mudar a mentalidade de que educação é cara, pois só assim poderemos parar de pagar a conta altíssima da ignorância. E tudo isso pode começar hoje mesmo, aí na sua casa. Quebre esse ciclo!

Patricia Lages

É jornalista internacional, tendo atuado na Argentina, Inglaterra e Israel. É autora de cinco best-sellers de finanças e empreendedorismo e do blog Bolsa Blindada. Ministra cursos e palestras, tendo se apresentado no evento “Success, the only choice” na Universidade Harvard (2014). Na TV, apresenta o quadro "Economia a Dois" na Escola do Amor, Record TV. No YouTube mantém o canal "Patrícia Lages - Dicas de Economia", com vídeos todas as terças e quintas.

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