O primeiro dia de um novo ano geralmente é uma mistura de reflexão, esperança, planos e promessas. Porém, ao longo dos meses, a correria do dia-a-dia faz com que não haja mais tempo para refletir, os problemas vão neutralizando as esperanças, os planos vão sendo adiados por conta de urgências e imprevistos e as promessas vão parar, esquecidas, no fundo de uma gaveta.
Mas como ainda é primeiro de janeiro, aproveitemos para refletir e tenhamos esperança de que, em 2021, planos e promessas sejam levados mais a sério. E se há algo que precisa ser encarado com seriedade é a hipocrisia que vimos em 2020.
Um ditado muito comum é que o brasileiro tem memória curta. E tem mesmo. Ainda mais quando se depara com uma campanha alegre, colorida ao som de um ritmo contagiante. Essa estratégia faz com que muitas celebridades, influenciadores e políticos se mantenham em alta por muito tempo, não importa o que façam. E essa é a minha aposta para 2021: haverá tantas campanhas para que as pessoas esqueçam o que viram em 2020 que, provavelmente, a maioria vai esquecer mesmo.
Famosos que foram pegos na mentira, curtindo a vida normalmente – fora de casa – enquanto esbravejavam nas redes sociais que eu e você tínhamos que ficar em casa “como eles estavam”, só que não. Políticos que praticaram todo tipo de arbitrariedade “para salvar vidas”, mas que se aproveitaram da pandemia para assaltar os cofres públicos ou visando apenas as eleições de 2022. Ou, quem sabe, as duas coisas. Jornalistas que promoveram fake news o ano todo escondendo-se atrás de acusações de que os outros estavam fomentando fake news. Foi o ano em que mais vimos o “acuse-os do que você faz, chame-os do que você é”.
Em 2021 essa gente vai trabalhar bastante para que eu e você venhamos esquecer tudo o que fizeram, disseram e todas as pessoas que prejudicaram. Irão investir pesado para limpar suas imagens sujas para fazer com que voltemos a acreditar neles, a aplaudi-los e a apoiá-los.
A manipulação custa muito dinheiro e exige um pouco de tempo, mas isso, essa gente tem de monte. Tanto dinheiro quanto paciência. Sem esquecer a maior aliada de todas: a memória curta do brasileiro. E a pergunta é: qual será a sua colaboração na estratégia que eles já começaram a traçar?
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