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Análise: Quem fica com a maior parte do que você produz: patrão ou governo? 

Em meio à guerra de classes, empregados são colocados contra empregadores, mas é preciso entender quem é o real vilão da história  

Patricia Lages|Do R7

“Meu salário deveria ser o dobro, mas meu patrão é um tremendo mão de vaca. Eu odeio aquele homem!” Essa frase, de uma profissional cujo salário é R$ 2.500, sintetiza o que muitos funcionários sentem por seus patrões: ódio.

O sentimento nada nobre — em plena época de combate aos “discursos de ódio” — vem sendo alimentado há muito tempo pela chamada guerra de classes, na qual os empregadores são apontados como os algozes de seus próprios colaboradores. Mas até onde isso reflete a realidade? Vamos recorrer aos números.

Para um salário de R$ 2.500, a empresa tem de arcar com 102% de ônus (em média), em tributos pagos ao Estado. Logo, para oferecer essa remuneração, a empresa vai desembolsar cerca de R$ 5.050.

Empregados reclamam dos salários baixos e culpam os patrões, mas eles são realmente os vilões? Números mostram que não
Empregados reclamam dos salários baixos e culpam os patrões, mas eles são realmente os vilões? Números mostram que não Empregados reclamam dos salários baixos e culpam os patrões, mas eles são realmente os vilões? Números mostram que não

Além de receber impostos por parte de quem paga, o Estado também cobra de quem recebe. Depois dos descontos obrigatórios, o salário bruto de R$ 2.500 se transformará em cerca de R$ 2.112 líquidos. Ou seja, uma diferença de R$ 2.938 entre o que saiu do caixa da empresa e o que, de fato, entrou no bolso do trabalhador. Mas tem mais.

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Não contente em taxar quem paga os salários e quem os recebe, o Estado também cobra sua porção sobre tudo aquilo que todos nós — patrões ou empregados — compramos. Considerando a média de 30% de impostos sobre tudo o que se consome no Brasil — sejam produtos ou serviços —, o salário líquido real desse trabalhador se resumirá a cerca de R$ 1.478.

Por meio desse cálculo simplificado, levando em conta taxas médias de tributação e ônus, vemos que, enquanto uma empresa desembolsa R$ 5.050, o funcionário recebe o equivalente a R$ 1.478 e o governo fica com R$ 3.752.

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Logo, fica bem fácil de entender quem é que fica com a maior parte do que todos nós produzimos. Porém, para criar uma cortina de fumaça sobre quem é o verdadeiro vilão da história, governos, sindicatos e partidos políticos se aproveitam da falta de conhecimento das pessoas para apontar outros culpados.

O Brasil é um país desigual, não há dúvida disso, mas se há uma coisa na qual todos estamos igualados é o fato de termos que carregar nas costas uma máquina pública cara, obsoleta e ineficiente. Mais Estado sempre representará menos dinheiro no bolso de todos, e não o contrário.

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