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Análise: Quanto você confia no seu trabalho?

Uma mãe desempregada vai gastar os últimos reais comprando o seu produto em vez de comida para o filho, você venderia?

Patricia Lages|Do R7

Lidar com a insegurança profissional é saída para mudar de vida
Lidar com a insegurança profissional é saída para mudar de vida Lidar com a insegurança profissional é saída para mudar de vida

A hipótese não é nada absurda, pois aconteceu comigo e eu já vou contar quem, como, quando, onde e por quê. Antes, quero pontuar o motivo de trazer o assunto para esta análise. Nos últimos anos tem crescido muito o número de pessoas que me procuram nas redes sociais em busca de conselhos para vencer a insegurança profissional.

Os relatos são bastante variados no que se refere ao ramo de atividade, tipo de trabalho – CLT ou autônomo –, profissão e localidade, mas todos têm em comum o fato de as pessoas não sentirem segurança para falar dos produtos que vendem, dos serviços que prestam ou mesmo sobre sua performance como funcionários. São pessoas que não acreditam no que vendem, nem no que fazem e, como consequência, não conseguem convencer ninguém.

Talvez essas pessoas não tenham entendido ainda que a responsabilidade vem antes de uma venda ou da prestação de um serviço e que o dever vem antes do direito. Para expor essa tese, aqui vai o que aconteceu comigo. Em um dia normal de trabalho, recebi uma mensagem pelo Facebook – ferramenta que não uso mais – de uma pessoa contando sua situação para obter de mim uma “resposta sincera”.

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“Patricia, estou desempregada, sou mãe solo de duas crianças e acabei de receber mais um não em uma entrevista de emprego. Toda vez que saio de casa passo por uma livraria que tem o seu livro Bolsa Blindada bem na porta. Já parei duas vezes para ler umas partes, mas largo quando o vendedor chega. Preciso de educação financeira porque acabei com a minha rescisão em menos de três meses e agora estou nesta situação. Qual situação? Não tenho nem um litro de leite e um pão para dar para os meus filhos, mas tenho os últimos R$ 20 da vida, exatamente o preço do livro. Quero que você me dê uma resposta sincera: devo comprar o seu livro ou pão e leite para as crianças?”

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Minha resposta: “Se você comprar o pão e o leite, seus filhos comerão hoje e terão fome amanhã. Se você comprar conhecimento, sairá dessa situação e ainda poderá educar seus filhos para não cometerem os mesmos erros.”

Eu poderia postar um livro de presente para ela? Sim, claro que poderia. Mas eu estava diante de uma pessoa disposta a mudar de vida, que já havia entendido sua responsabilidade sobre seus erros e que precisava desesperadamente acreditar em alguém. O que ela queria de mim era segurança, honestidade, alguém em quem ela pudesse confiar e não apenas um produto de vinte e poucos reais. Eu “vendi” exatamente o que percebi que ela precisava comprar. Mas, obviamente, eu não faria o que fiz se não tivesse plena confiança naquilo que ensino. Se houvesse uma ponta de dúvida a respeito do que faço, eu não teria coragem de responder da forma que respondi.

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A questão é que entendi que o trabalho – qualquer que seja ele – é uma missão e que o dinheiro que se recebe por ele é uma consequência. Primeiro vem o meu dever de cumprir essa missão, depois vem meu o direito de receber uma remuneração. Inverter essa ordem focando no dinheiro acima de tudo é o que faz as pessoas se sentirem inseguras, afinal, mais do que ninguém, elas sabem que estão se sujeitando a mentir, a enganar e a fazer qualquer coisa desonesta para atingir seu objetivo.

A propósito, a seguidora comprou o livro e o devorou em questão de horas. Depois voltou a ler pausadamente e, alguns dias depois, me escreveu contando que mudou sua forma de ver o dinheiro e entendeu o que fez de errado a vida toda. Disse também que não conseguiu nenhum emprego, mas que essa era uma ótima notícia. Ela havia começado um negócio no fogão de casa, fazendo bolos com ingredientes emprestados e que já estava colhendo os primeiros frutos. “Foram os R$ 25 mais bem gastos da minha vida”, disse ela, e esta foi uma das maiores remunerações que recebi na minha vida. Daquelas que dinheiro algum pode pagar.

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Autora

Patricia Lages é autora de 5 best-sellers sobre finanças pessoais e empreendedorismo e do blog Bolsa Blindada. É palestrante internacional e comentarista do JR Dinheiro, no Jornal da Record.

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