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Análise: presidente que não dança conforme a música atrapalha o baile

País precisa de dirigente que não ceda a mecanismo viciado em dar para receber e que combata a corrupção, mas como fazer isso sem incomodar?

Patricia Lages|Do R7

Há muito tempo os brasileiros pedem o fim da corrupção
Há muito tempo os brasileiros pedem o fim da corrupção Há muito tempo os brasileiros pedem o fim da corrupção

Desde sempre os dirigentes deste país fizeram o que bem entenderam sem dar satisfações à população que os elegeu. Apenas em véspera de eleição é que a classe política lembra que seus cargos são eletivos e que precisam de votos para continuar a farra, quer dizer, o que chamam de trabalho.

Há muito tempo os brasileiros pedem o fim da corrupção e que os mecanismos políticos do toma-lá-dá-cá emperrem de tal maneira que nunca mais voltem a funcionar. Porém, é ingênuo e até injusto pensar que essa seria uma tarefa fácil.

A corrupção está enraizada na política brasileira desde sempre e extirpá-la é como remover um câncer extremamente agressivo em estágio avançado. Não é uma tarefa agradável e não dá para ser executada sem que o tratamento seja ainda mais agressivo. O corpo protesta, passa mal, muda de cor e odor, perde os cabelos. Mas, se o tratamento for levado a sério e o paciente ignorar os efeitos colaterais dando continuidade ao que deve ser feito, o corpo reage e se regenera.

É óbvio que o grupo de comunicação que recebeu somas inimagináveis de dinheiro dos cofres públicos – por décadas – iria atacar qualquer governo que cortasse a sua mamata. Aliás, os ataques têm sido tão frequentes e tão escancarados que já configura desespero. Da mesma forma, é líquido e certo que um congresso que não consegue mais negociar seu apoio em troca de benefícios próprios também não iria ficar calado.

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Estamos diante de uma classe política que luta desesperadamente para tirar um presidente que não dança conforme a música e que, portanto, atrapalha todo o ritmo do baile – ou da farra – que estava tão bem sincronizado havia tanto tempo. Desde quando a vida de um chefe de estado brasileiro, que não é réu de nenhum processo, foi tão invadida? Aliás, nenhum réu e nem mesmo nenhum condenado teve sua privacidade tão escancarada. Se as falas de Lula – o ex-presidiário que agora posa como quem tem solução para todos os problemas do país – tivessem sido ditas por Bolsonaro, a imprensa estaria repercutindo à exaustão e provavelmente um pedido de impeachment já teria sido protocolado.

O eleitor brasileiro precisa amadurecer e parar de se deixar manipular por quem tem interesses escusos. Muitos estão baseando sua opinião apenas em trechos da reunião ministerial sem levar em conta que há edições tirando frases de contexto e mudando o sentido das falas. Quem deseja emitir opinião a respeito deveria ter, no mínimo, o cuidado de ouvir a íntegra da reunião para sair do raciocínio raso e manipulado. Fazendo isso, talvez muitos chegariam à mesma conclusão que Janaina Paschoal postou em seu Twitter: “Eu não sei se eu estou vendo a fita que vinha sendo anunciada. Realmente não sei. A fita que eu estou vendo reelege o Presidente.”

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Autora

Patricia Lages é autora de 5 best-sellers sobre finanças pessoais e empreendedorismo e do blog www.bolsablindada.com.br. É palestrante internacional e comentarista do JR Dinheiro, no Jornal da Record.

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