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Análise: Por que compramos o que compramos?

Em um mundo de busca frequente pela satisfação, comprar se tornou uma espécie de recompensa que tem arruinado o orçamento de muitos.  

Patricia Lages|Do R7

O ato de comprar, que no passado se resumia ao suprimento das necessidades, tornou-se uma válvula de escape para sentimentos e emoções. Há quem compre por estar triste, deprimido, insatisfeito e há quem o faça exatamente pelos motivos contrários: alegria, comemoração, celebração.

A questão é que, quando nós, seres humanos racionais, deixamos a racionalidade de lado e agimos baseados em sentimentos e emoções, raramente colhemos bons frutos. O conselho “ouça a voz do seu coração” pode ser muito agradável e popular, porém, é altamente nocivo para quem resolve colocá-lo em prática.

Coração não pensa, apenas sente. Por isso, quem enfrenta um momento de estresse e age baseado nesse sentimento, fala o que não deve e age de formas que jamais faria se estivesse bem. Daí nascem os arrependimentos, as inimizades, as mágoas. Nem sempre é possível voltar atrás e a marca de um ato impensado pode nos perseguir por muito tempo.

Momentos de satisfação gerados pelas comprar já não são sequer lembrados
Momentos de satisfação gerados pelas comprar já não são sequer lembrados Momentos de satisfação gerados pelas comprar já não são sequer lembrados

Quanto à vida financeira, os resultados estão aí: mais de 60 milhões de pessoas inadimplentes sem saber como vão colocar comida na mesa por simplesmente terem agido no calor das emoções e sem medir as consequências.

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Casas entulhadas de coisas inúteis, enquanto as contas bancárias geram juros sobre juros devido ao saldo negativo. A bola de neve está formada e os momentos de satisfação gerados pelas compras já não são nem sequer lembrados.

Por mais que o mundo esteja corrido e concorrido, não podemos ceder à tentação de viver sem raciocinar. Aquilo que plantarmos hoje será exatamente o que iremos colher amanhã, portanto, jogar qualquer semente achando que tudo vai ficar bem chega a ser ingênuo. Tão ingênuo quanto se deixar levar em frente a uma vitrine linda, acreditando que comprar mais um produto fará a nossa vida mais feliz.

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A pergunta é: por que você compra o que você compra? O que o move a passar o cartão mesmo sabendo que não terá dinheiro para pagar? O que o faz arriscar seu futuro – e de sua família – por momentos de satisfação que, cedo ou tarde, irão passar?

É preciso racionalizar não só os nossos hábitos de consumo, mas a vida em si. Temos essa capacidade e não devemos desprezá-la, afinal, é o que nos diferencia de todos os demais seres. Em uma época em que se fala amplamente de empoderamento, os seres humanos nunca estiveram tão desempoderados devido à falta de uso de sua maior habilidade: pensar.

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Que possamos retomar essa habilidade para o nosso próprio bem.

Patricia Lages

É jornalista internacional, tendo atuado na Argentina, Inglaterra e Israel. É autora de cinco best-sellers de finanças e empreendedorismo e do blog Bolsa Blindada. Ministra cursos e palestras, tendo se apresentado no evento “Success, the only choice” na Universidade Harvard (2014). Na TV, apresenta os quadros "Economia doméstica" no programa "Mulheres" TV Gazeta e "Economia a Dois" na Escola do Amor, Record TV. No YouTube mantém o canal "Patrícia Lages - Dicas de Economia", com vídeos todas as segundas e quartas.

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