Em excesso, a paciência pode se tornar apatia e a ansiedade em doença
Reprodução/PixabayGeralmente confundida com a capacidade de suportar grandes períodos de espera, a paciência, na verdade, vai muito além disso. Ser paciente não é ver a vida passar de braços cruzados, aconteça o que acontecer, mas sim, fazer o que é certo e ter ânimo para aguardar, sem reclamações, o resultado dessas boas ações.
Já a ansiedade é o contrário de tudo isso. O ansioso não se vê como alguém capaz de esperar, ainda que seja por pouco tempo. Por isso, age impulsivamente, sem pensar e, na maioria das vezes, não faz o que é certo. Apesar disso, em contrapartida deseja obter um bom resultado de suas más ações. E, quando isso não acontece, além da ansiedade, vem a frustração e, em alguns casos, a depressão.
Essa tem sido a fotografia da vida de muitos, inclusive no que diz respeito às finanças. Grande parte das pessoas não tem paciência para fazer o certo: trabalhar, juntar dinheiro e comprar o que necessita ou deseja. Mas, movidos pela ansiedade, veem nos empréstimos e financiamentos a solução para ter tudo o que quiserem sem precisarem esperar.
O consumismo aguça essa ansiedade e leva muitos a viverem nesse ciclo de gastar primeiro e pagar depois. Até o momento em que a pessoa não vê mais sentido em se esforçar tanto e continuar com a impressão de que está sempre correndo atrás do vento. A questão é que tudo em excesso acaba sendo negativo. Paciência demais pode se tornar apatia, enquanto a ansiedade exacerbada acaba se transformando em doença.
Viver em equilíbrio não é uma tarefa fácil, pois requer que estejamos sempre alertas para não pendermos nem para a esquerda e nem para a direita. Seguir a multidão sempre foi e continuará sendo o caminho mais fácil. Quando fazemos o que todo mundo faz não desagradamos ninguém, não corremos o risco de sermos considerados extraterrestres e nossos erros passam despercebidos, já que se um tropeça, todos caem.
Para não viver na ansiedade como a maioria é preciso agir diferentemente da maioria. Para não entrar nas tristes estatísticas de inadimplência é preciso ter um comportamento como consumidor contrário ao da maioria. Ou seja, seguir o caminho das águas pode ser mais fácil, mas o que trará resultados positivos continua sendo o velho conselho de nadar contra a maré.
Nós, seres humanos, buscamos a segurança que o sentimento de pertencimento finge entregar e, por isso, tendemos a imitar o comportamento da maioria. Mas a minha pergunta é: você quer fazer parte das estatísticas atuais de endividamento, ansiedade, frustração e depressão? Se a resposta é não, saiba que também será preciso dizer não a esse estilo de vida nocivo e desenfreado. Afinal, para se ter equilíbrio, é preciso agir com equilíbrio.
Patricia Lages
É jornalista internacional, tendo atuado na Argentina, Inglaterra e Israel. É autora de cinco best-sellers de finanças e empreendedorismo e do blog Bolsa Blindada. Ministra cursos e palestras, tendo se apresentado no evento “Success, the only choice” na Universidade Harvard (2014). Na TV, apresenta os quadros "Economia doméstica" no programa "Mulheres" TV Gazeta e "Economia a Dois" na Escola do Amor, Record TV. No YouTube mantém o canal "Patrícia Lages - Dicas de Economia", com vídeos todas as segundas e quartas.
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