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Análise: Manifestações de 12/09 foram produção de imagens e esforço para manter narrativas

Ruas esvaziadas, muita ginástica linguística da velha imprensa para justificar o fiasco e “sincericídios” diante do fracasso

Patricia Lages|Do R7

Atos esvaziados, como o de Brasília, tomaram o país no último domingo (12)
Atos esvaziados, como o de Brasília, tomaram o país no último domingo (12) Atos esvaziados, como o de Brasília, tomaram o país no último domingo (12)

“Hoje é um dia muito triste aqui. A gente organizou esse caminhão, fez toda essa manifestação e acabou não vindo ninguém”. Foi assim que Arthur do Val, deputado estadual conhecido como “Mamãe Falei”, iniciou um vídeo selfie na Avenida Paulista, em São Paulo. Na sequência, o parlamentar – que é pré-candidato ao governo de SP – virou o celular mostrando o público presente.

Ao que parece, a ideia do vídeo era ironizar dizendo que não havia ninguém quando havia muita gente. Porém, segundo a Polícia Militar, o público presente não passou de 5 mil pessoas. Foi o suficiente para encher a tela de um celular, mas não chegou aos pés do número de manifestantes que o Movimento Brasil Livre (MBL) imaginou, pois, além de organizar o evento exaustivamente, contou com a adesão de outros grupos, como Vem Pra Rua (VPR), Acredito e Livres e de partidos como o PSOL, Rede, Novo e PDT.

O que se viu aos montes foram piadas e críticas por parte do público nas redes sociais e até mesmo de influenciadores e jornalistas de quem se esperava apoio a um movimento contra o governo do presidente Jair Bolsonaro. Além de o público ter feito a hashtag #derreteMBL ser uma das mais usadas no Twitter, houve uma enxurrada de comentários irônicos como “Manifestação EAD”, fazendo alusão à educação a distância, “manifestação com distanciamento e fique em casa” e outras como “era uma manifestação muito engraçada, não tinha gente, não tinha nada.”

Até Felipe Neto se mostrou indignado: “Dividiu a oposição. Fez todo mundo perder tempo brigando nas redes sociais ao invés de focar contra o genocida. Passou imensa vergonha nessas manifestações vazias. Pelo amor de Deus MBL, desaparece, vcs são mais chacota q eu jogando xadrez imitando foca.” O jornalista e sócio fundador do site O Antagonista, Mário Sabino, também não ficou indiferente ao fracasso das manifestações que prometiam dar o troco aos movimentos pró-governo de 7 de Setembro: “O fiasco das manifestações de hoje foi monumental, é ridículo dizer que não.” 

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Diversos vídeos registrados por populares mostram os esforços de organizadores em várias partes do país tentando reunir o público reduzido de forma a produzir fotos dando a impressão de que havia mais gente: “Junta! Junta pra sair na foto pra imprensa”, dizia o organizador de uma manifestação em Florianópolis enquanto chamava as pessoas para preencher a escadaria de uma igreja católica. Em outra manifestação uma organizadora gritava sobre um caminhão: “Junta, junta, junta todo mundo e levanta as faixas. Lembrando: distanciamento, gente, muito importante. Mas junta, junta, junta, pessoal, vamos fazer esse corredor cheio!”

Enquanto uns não se decidiam entre juntar ou distanciar para produzir uma boa imagem, outros decidiram pagar para produzir o protesto em si. Segundo a IstoÉ, moradores do bairro Cachoeira, zona norte de SP, afirmaram ter recebido R$ 50 cada para pedir a volta de Michel Temer. De acordo com a matéria, um dos moradores declarou a orientação dada ao grupo: “Faz de conta que tá protestando”.

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Apesar da disparidade entre a alta adesão aos atos de 7 de Setembro com o fracasso de público dos de ontem, a velha imprensa continua usando de muita ginástica linguística para defender o indefensável, como uma manchete do Estadão: “Antibolsonarismo é maior força política do País, mas perde potência para o impeachment se permanecer dividido.” Além disso, para os movimentos de oposição ao governo, parece que quem tem opinião contrária faz parte de um grupo “desqualificado”. É ao que remete a fala da coordenadora do Vem Pra Rua, Marina Vezoni: “Não teve tanta gente, mas teve qualidade de público”.

A questão é que não importam os fatos, as imagens, a vontade da maioria e nem mesmo a verdade, pois na “democracia” da oposição e da velha imprensa as narrativas continuarão sendo as mesmas.

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