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Análise: Maior crise não é na saúde ou na economia

Em uma sociedade onde a palavra não tem valor e não se pode confiar em quase ninguém, a maior crise é a falta de ética

Patricia Lages|Do R7

Falta de ética e de confiança provoca crise maior do que a de saúde e econômica
Falta de ética e de confiança provoca crise maior do que a de saúde e econômica Falta de ética e de confiança provoca crise maior do que a de saúde e econômica

Partindo-se do princípio de que todo tipo de relacionamento começa com a palavra e que, nos dias de hoje, ela praticamente não tem valor algum, fica fácil de entender como chegamos ao caos em que estamos. Apesar de que a maioria das pessoas se considera de confiança, a verdade é que podemos contar nos dedos o número de pessoas em quem, de fato, podemos confiar.

Se o seu carro quebrar amanhã, mais difícil do que ficar a pé será encontrar um mecânico em quem se possa confiar. Normalmente, o que acontece é o que todos nós já sabemos: explicações mirabolantes sobre coisas que não entendemos para aprovarmos a troca de peças que estão funcionando perfeitamente bem e pagarmos muito mais do que deveríamos. E, para que tudo pareça verdade, o motor inteiro será desmontado (à toa) e o carro ficará na oficina por semanas (quando poderia ser consertado em questão de horas). Portanto, o problema não é a avaria no carro, mas, sim, o estrago no bolso por conta da falta de ética de pessoas de quem dependemos. E isso, infelizmente, acontece em quase tudo.

Pior do que isso é saber que esse tipo de coisa, muitas vezes, começa dentro de casa e bem cedo. Quando pais mentem para seus filhos, estão incutindo em suas cabeças que a palavra não tem valor. Quando ensinam a criança a mentir para se safar de alguma situação, estão dando um treinamento prático sobre como ser uma pessoa sem caráter. Mais tarde, a palavra desses filhos também não terá valor algum e o comportamento será reproduzido em todas as áreas da vida, perpetuando a falta de compromisso com o que se diz.

Desde não cumprir com as obrigações em casa, nos estudos e no trabalho até as traições nos relacionamentos, tudo começa com a falta de comprometimento com a palavra empenhada. Os votos feitos em um casamento não passam de um procedimento pró-forma, logo, se as pessoas não cumprem as promessas que fazem a quem amam, quanto menos cumprirão com aqueles que mal conhecem.

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Essa é a maior de todas as crises. Não há ética porque não há valor naquilo que se diz. Em vez disso, muita gente se limita a fazer apenas o que tem vontade, mesmo que tenha que mentir ou enganar. Estamos na era em que a regra é “ser feliz acima de tudo”, vivendo pelo que se sente e não pelo que é certo. E, quando se coloca a emoção acima da razão, o resultado não tem como ser diferente do que estamos testemunhando.

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Mais do que uma pandemia que está destruindo vidas e economias ao redor do mundo, estamos vivendo uma epidemia de falta de ética e de consciência. A vacina para esse mal é que cada um comece a fazer para os outros aquilo que gostaria que os outros fizessem por elas mesmas. Havendo vontade ou não.

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Autora

Patricia Lages é autora de 5 best-sellers sobre finanças pessoais e empreendedorismo e do blog Bolsa Blindada. É palestrante internacional e comentarista do JR Dinheiro, no Jornal da Record.

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