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Análise: Jogos Olímpicos, meritocracia e “coitadismo”

É possível se orgulhar das medalhas de honra ao mérito que nossos atletas conquistam e, ao mesmo tempo, cultuar o “coitadismo”?

Patricia Lages|Do R7

Ítalo Ferreira ganhou a medalha de ouro por mérito próprio
Ítalo Ferreira ganhou a medalha de ouro por mérito próprio Ítalo Ferreira ganhou a medalha de ouro por mérito próprio

Atletas, ginastas, jogadores e todo praticante de esportes, sejam amadores ou profissionais, sabem que superar a si mesmos faz parte da rotina diária de um campeão. O objetivo maior de jogos esportivos, grandes ou pequenos, é estimular competições justas, promovendo um aprendizado importantíssimo para a vida: saber lidar com vitórias e derrotas. Não é à toa que se diz que ter espírito esportivo é também saber perder.

Porém, de alguns anos para cá, muitas escolas estão trocando as competições esportivas por jogos sem sentido onde todo mundo ganha e é errado perder. Em nome de uma pseudo inclusão, aprendizados importantíssimos – principalmente para as crianças – estão sendo negligenciados, como: superar os próprios limites, trabalhar em equipe, fazer planejamento e traçar estratégias, saber processar frustrações e até mesmo torcer pelos colegas que possuem um desempenho melhor.

O esporte nas escolas vai muito além do desenvolvimento de habilidades físicas, pois trata-se de um preparo para a vida, incluindo a carreira profissional. No mundo real há perdas e conquistas, sucessos e fracassos, dias para se comemorar e outros para simplesmente esquecer. Implantar o “coitadismo” é tirar das crianças o direito à educação que a lei prevê. Colocá-las em uma bolha onde “todo mundo ganha” é criar um mundo falso, que as deixará sem saber o que fazer quando se depararem com o mundo real. Ensiná-las que meritocracia não existe e que só vencerão na vida se forem ajudadas por algum privilegiado ou pelo Estado é cortar suas asas e impedi-las de voar. Deveria ser considerado crime hediondo.

O que a onda politicamente correta do vitimismo tenta ignorar, mesmo em plena época de Jogos Olímpicos, é que a meritocracia se comprova a cada competição, principalmente em relação a muitos atletas brasileiros, como ítalo Ferreira, medalha de ouro no surfe. O surfista, natural de Baía Formosa (RN), apaixonou-se pelo esporte aos oito anos de idade, mas por falta de condições financeiras, usava pranchas emprestadas de amigos e primos. Quando não conseguia uma de verdade, Ítalo surfava nas tampas das caixas de isopor do pai, vendedor de peixes. Ele não é um vencedor por ter nascido em família privilegiada ou porque alguém o carregou até o pódio. Ítalo venceu por méritos próprios a despeito de todas as dificuldades.

Comemorar vitórias conquistadas por mérito e, ao mesmo tempo, cultuar o “coitadismo” nada mais é do que tentar contaminar a sociedade com o vírus da bipolaridade que acomete os adeptos do vitimismo. A boa notícia é que existe uma vacina contra essa condição com um alto índice de imunização: o bom senso. Todos podem alcançar seus objetivos, ainda que outros saiam na frente e os obriguem a correr mais e se esforçar mais. Isso apenas fará dos menos favorecidos pessoas ainda mais fortes. Falo por experiência própria. A competição é saudável, o mérito deve ser comemorado e saber perder faz parte da vida.

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